segunda-feira, 19 de março de 2018

SOBRE A ACUSAÇÃO DE QUE A RÚSSIA SE METEU NAS ELEIÇÕES DOS ESTADOS UNIDOS

Aposto que tem alguma verdade nisso aí. Já não seria um escândalo, dado que o império mete-se não só nas eleições, mas promove golpes e guerras civis nos países cujos governos não estão fazendo integralmente o que eles querem. Mas acreditar que russos foram decisivos para eleger Trump... Tem muita trapaça para explicar o que aconteceu, inclusive que o sistema de lá elegeu alguém que recebeu três milhões menos de votos populares.

Sem contar que é o dinheiro que domina (lá como cá), tanto que a adversária do Trump, a Clinton, era outra queridinha do poder financeiro. O que a Cambridge Analytica, citada abaixo fez, possivelmente os irmãos Koch, financiadores do MBL, e os órgãos de espionagem estadunidenses fizeram e continuam a fazer, lá, aqui e no resto do mundo.

Agora, vejam o que está sendo publicado no jornal inglês Guardian, que reproduzo da newsletter Meio (canalmeio.com.br):


Facebook sob pressão política

Na sexta-feira, o Facebook ameaçou ir à Justiça contra o diário britânico Guardian que pretendia publicar — e publicou — uma longa reportagem sobre a empresa. No sábado, além do Guardian, o New York Times também tinha a mesma história: Christopher Wylie, um cientista da computação canadense de 28 anos, revelou como descobriu o truque para extrair do Facebook os perfis detalhados de 50 milhões de pessoas. Este material foi utilizado pela consultoria em que trabalhava, a Cambridge Analytica, nas campanhas vencedoras que tiraram o Reino Unido da União Europeia — o Brexit — e levaram Donald Trump à presidência. A empresa de Mark Zuckerberg passou o fim de semana sob fogo cerrado de legisladores nos dois lados do mundo anglo-saxão.
A segurança do Facebook não foi quebrada. Trabalhando pela consultoria, Wylie criou um app de quiz no qual usuários respondiam a perguntas sobre seus hábitos para receber como resposta uma caracterização de seu perfil digital. Ao fim, cada participante dava permissão para que o aplicativo acessasse dados não só de seu perfil como também o de todos seus amigos. Sim: em 2014, um usuário poderia, inadvertidamente, permitir que alguém puxasse os dados pessoais completos de todos seus amigos. 320 pessoas fizeram o teste, com em média 160 amigos cada. Pouco mais de 51 milhões de perfis foram para os bancos de dados da Cambridge Analytica.
O app foi baseado em um estudo científico sobre como utilizar redes sociais para pesquisa social. O paper, em PDF.
Com estes dados — os likes, os posts, idade, estado civil, local de residência etc. — a CA pôde fazer cruzamentos para perceber que um percentual alto de pessoas que odeiam Israel costuma gostar de chocolates KitKat. São padrões de comportamento sutis que parecem aleatórios, mas não são: há correlação. Cruzando este imenso volume de informações, a consultoria traçou perfis detalhados de eleitores que poderiam se inclinar pelo Brexit e por Trump. Sabia, para cada subgrupo, que argumento preciso costurar, que ponto fraco cutucar. O Facebook lhes entregou dados que ninguém mais tinha.
A primeira reação do Facebook foi suspender as contas da Cambridge Analytica, de Wylie e de Aleksandr Kogan, um professor da Universidade de Cambridge que ajudou na construção do app. (A Consultoria leva o nome por contratar pesquisadores da universidade britânica.) Mas a rede social tem um problema: vem, há anos, dizendo que é muito difícil extrair dados para usos ilegítimos. “É hora de Mark Zuckerberg parar de se esconder atrás de sua página no Facebook”, disse o deputado conservador Damian Collins, em Londres. Collins quer convocar Zuck para um depoimento formal. A senadora democrata Amy Klobuchar, em Washington, também vai convocá-lo. “Ficou evidente que estas plataformas não conseguem cuidar de si mesmas”, afirmou. Alex Stamos e Andrew Bosworth, executivos do Facebook, foram ao Twitter para defendê-lo: “Não houve um vazamento”, disse Boz. “As pessoas escolheram compartilhar suas informações.”
Aliás... De Steve Bannon, o assessor de Trump que montou com a Cambridge Analytica a estratégia de campanha nas redes. “Mussolini era adorado pelas mulheres, um homem entre homens. Viril. Sou fascinado por ele.”


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