quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

PODER POLÍTICO DOS SUPER RICOS


Primeira parte: Identificação do centro de gravidade do neoliberalismo e de seu braço político, o neoconservadorismo.



UM ESPECTRO DOMINA O MUNDO

Existe um partido que manda efetivamente no Brasil e no Mundo. Este partido é um espectro, que se mantém nas sombras e só é percebido como tal através das ações que projeta através de outras instituições e dos efeitos das políticas que impulsiona.

Esse partido formou-se, e cresce, para impor o controle total das riquezas e potencialidades do mundo em favor da minoria dos bilionários globais. Os donos do mundo – esses bilionários – vêm aumentando a sua parte na riqueza e nas rendas globais graças às ações do tal partido.

Ele precisa ser invisível como organização. Não que seja governado por um comitê que se reúne secretamente em algum bunker.  Esse partido atua através de organizações econômicas e de corpos burocráticos e militares.

Chamaremos o partido dos bilionários de partido neoliberal, sigla PNL, a partir do princípio que o unifica, que é a ideologia neoliberal. Ao mesmo tempo que trabalha para enfraquecer os estados nacionais, o PNL tem as características de uma organização totalitária.

A ideologia do PNL nunca foi proposta claramente como programa de governo, em âmbito nacional, regional ou da Organização das Nações Unidas. Nunca houve debates verdadeiros em torno do corpo da ideologia neoliberal e o pragmatismo keynesiano que vinha sendo praticado anteriormente em todo o mundo. Vem sendo imposta através do domínio – estabelecido gradualmente e sem qualquer alarde - nas mídias mundiais e nas universidades. Legitima-se através da pseudociência econômica, que foi montada a partir da leitura de alguns princípios inicialmente formulados por Adam Smith, passou pelos liberais clássicos do século 19 e do trabalho dos novos liberais a partir do fim da Segunda Guerra Mundial.

Objetivos do PNL

Não se propõe tomar os governos de forma explícita. Em vez disso, trata de destruir o poder do Estado em todas as suas instâncias que possam ser aplicadas no bem estar social e na construção de uma economia nacional e funcional para a maior parte da população. Suas ações nesse sentido incluem:
Manter e acelerar o processo de concentração de renda, riqueza e poder para a minoria dos super ricos, basicamente nos EUA e em seus aliados.

  • Estender sua rede e fortalecer o poder dos super ricos.
  • As riquezas e potencialidades em qualquer parte do mundo que não possam ser submetidas ao controle da minoria dominante devem ser destruídas.
  • Os Estados Unidos devem continuar a exercer a “dominância global”, e o processo de declínio dessa dominância que ocorre neste começo do século 21 deve ser revertido.
  • A rede de influência, cujo poder é esmagador frente às redes de defesas de trabalhadores e dos pobres em geral – deve ser ampliada, em termos ideológicos e religiosos.
  • Manter a invisibilidade de seu corpo e estrutura.
  • Manter uma rede de paraísos fiscais que viabilizam a sonegação que destrói os sistemas fiscais dos estados nacionais que ousem direcionar os recursos advindos de impostos para qualquer finalidade que não expanda os fluxos de rendas dos donos do mundo.


Estrutura do partido neoliberal

O PNL é mantido invisível graças ao indispensável apoio da grande mídia internacional e nacional. Mais precisamente, essa grande mídia: redes de rádio e televisão, grandes jornais e revistas impressos e online, é parte integrante do partido, e pode ser considerada a sua primeira instância de poder.

A produção e a distribuição do discurso neoliberal são complementadas pela predominância esmagadora das narrativas distorcidas em favor dos objetivos do PNL, em que os acontecimentos favoráveis a seus objetivos ganham destaque, enquanto tudo o que possa desafiar o discurso global do PNL são ignoradas.

 A linguagem é fundamental no ativismo do PNL. Palavras são escolhidas de modo a favorecer o discurso básico neoliberal, assumindo as suas receitas como se fossem naturais, sem alternativas (o discurso TINA) e com base científica.

Os operadores e a massa de apoio do PNL vêm de uma fração que é majoritária das classes médias, que se portam de maneira defensiva em relação aos privilégios que ocupam na escala social. A sua adesão decorre em parte do papel tradicional dos membros dessa classe de intermediária entre o poder dos setores dominantes e os trabalhadores de média e baixa qualificação. Essa posição leva seus membros a tenderem a identificarem-se com os interesses do capital em sua fase atual, contra, portanto, a melhoria relativa da situação econômica e social dos trabalhadores e das populações menos favorecidas.

É esta fração que fornece as massas que vão se manifestar nas ruas e multiplicar matérias na internet.  São manipuladas pela mídia e por ativistas e robôs da internet.  Quadros da burocracia estatal responsáveis pela repressão e pela justiça - membros da polícia, procuradores, juízes, aderem ao discurso do PNL veiculado pela academia e principalmente pelas mídias, e recebem tratamento privilegiado inclusive em termos salariais, que as colocam mais próximas aos verdadeiros donos do poder.

O neoliberalismo em si começou a formar corpo a partir do esgotamento do ciclo de crescimento que afetou o Ocidente começando nos anos 1970. Tornou-se política de governo em 1973 no Chile com a ditadura militar, e entre 1979 e 1980 nos EUA e no Reino Unido.

A ideia da reativação do liberalismo econômico clássico iniciou-se logo depois da 2ª Guerra Mundial, com o austríaco Hayek e depois o americano Friedman. Antes e depois da instalação dos governos Thatcher e Reagan, em 1979 e 1981, que passaram a aplicar as diretivas de desmonte do estado de bem estar social e ataque aos sindicatos com o fim de reduzir os salários dos trabalhadores.

A invisibilidade como tática e estratégia do partido neoliberal

Quando os governos britânico e estadunidense iniciaram em seus países as políticas neoliberais, o campo já vinha sendo preparado nas universidades americanas e britânicas, por think tanks montados especificamente, mas de forma gradual, pelo grande capital dos EUA e de seus governos conservadores.

 O ensino de economia nas universidades, que tinha o liberalismo à margem e baseava-se nas ideias de Keynes, ao fim de algumas décadas passou a adotar as premissas neoliberais, que hoje dominam em todo o mundo fora China, Rússia e alguns países menores como Irã, Venezuela, Cuba, Coreia do Note, Turquia. Estes todos sob ataques dos Estados Unidos e seus aliados.  

Partidos conservadores após o fim da segunda guerra e antes da década de 1980 aceitavam, ou mais ou menos conviveram com o Estado do Bem Estar Social, eventualmente com nuances ideológicas à direita ou à esquerda, embora sem afetar sua essência. Quando Thatcher e Reagan mudaram radicalmente essa política em favor do capital e contra o poder dos trabalhadores, os partidos de centro-esquerda também se deslocaram, tentando ficar no meio do caminho.

 Sem se assumir como grupo à parte já era o PNL atuando. Tratando de fazer passar sua política de concentração de renda e de riqueza como produto de um consenso geral. É a época do TINA (there is no alternative, expressão atribuída a Thatcher), do Consenso de Washington de 1989.

O famoso Consenso foi aplicado pelo FMI e pelo Banco Mundial, dominados pelo governo dos Estados Unidos, que passaram a usar as crises financeiras dos países pobres para impor políticas de austeridade e privatização. Nesse período a privatização da Indústria britânica de energia começou a ser ensinada como modelo a ser seguido no Brasil, a gerências empresas brasileiras estaduais de energia, sob os governos do PMDB e do PSDB.

O PNL esteve presente em todas as negociações de tratados de “livre comércio” como o Nafta, entre EUA, Canadá e México. O Nafta foi ativado em 1994, e cláusulas do tratado permitem que corporações transnacionais possam exigir indenizações de governos nacionais ou locais que através de legislação ou da ação de órgãos executivos venham a limitar o montante de seus lucros.

Essas categorias de cláusulas vêm sendo negociadas secretamente pelos grupos de trabalho formados também por mecanismos desconhecidos das populações dos países afetados, no caso do tratado do Pacífico e do Atlântico, além do entre Mercosul e União Europeia. A mídia internacional cuida de ajudar a ocultar esses fatos, omitindo-os ou mostrando-os sem o destaque que seria devido pela sua importância.

Outra forma básica de imposição de invisibilidade têm sido as campanhas de combate à corrupção pela imprensa e mídia. Invariavelmente esse combate é feito exclusivamente a políticos e partidos que o PNL escolheu para alijar do poder e eventualmente destruir. Existe corrupção, mas a que não é atribuível à esquerda é ocultada pela mídia. Essas campanhas são realizadas também e principalmente para ocultar os grandes negócios que se fazem com as  privatizações e desnacionalizações de empresas estratégicas e de serviços públicos.

Raízes e cúpulas mais notórias do partido neoliberal 

  • Consenso de Washington
  • Fundo Monetário Internacional
  • Estados Unidos da América
  • Fórum Mundial de Davos
  • Ideologia Neoliberal
  • Bancos Centrais em Geral
  • Bancos e Outras Instituições Financeiras de Grande Porte
  • Paraísos Fiscais, entre os quais os mais importantes são Os Estados Unidos, a Suíça e o Reino Unido.
  • Universidades
  • Think Tanks Conservadores 

Nenhum comentário: