quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O MAIOR DANO DO GOLPE

É sobre a democracia, atual e futura.

Democracia como mecanismo de construção de mínimos consensos.

O que é um processo civilizatório em si. As pessoas vêm com  diferentes pretensões e aspirações , expõem com a maior racionalidade disponível na ocasião, confrontam essas coisas e isso se chama processo de discussão. Depois de discussões longas, pacientes, com disposição para a composição, decide-se e todos concordam ou ao menos consentem, acreditando que a solução é aceitável. 

O problema maior não é a retirada de direitos dos trabalhadores, é que esse processo não foi, não é negociado de verdade (compra de deputados e senadores não é negociação no sentido que entendo aqui). O processo é do tipo assalto.

O mesmo com a privatização e desnacionalização. Nunca, desde que a ideologia neoliberal começou a ser adotada pelos políticos, primeiro de direita, depois pelos socialdemocratas, se possibilitou uma discussão na sociedade sobre o que seriam os efeitos da entrega de serviços públicos aos critérios "de mercado". Os critérios de mercado são um: maximizar o lucro do controlador da empresa privatizada, e de seus acionistas.

Em artigo recém publicado no Tijolaço, Samuel Pinheiro Guimarães quantifica o "mercado" no Brasil: duzentas mil pessoas, ou 0,2 % da população, que ganham para mais de 80 mil reais por mês. A racionalidade econômica defendida pela mídia e pela maior parte da Academia é a racionalidade desses 0,2 %.

Eles, coordenados com os EUA e suas corporações, são os donos do golpe de 2016. Que começou no momento em que a esquerda deixou de lado o combate de classes e ideológico. Que fraquejou em controlar os monopólios de mídia. Que não viu o monstro do judiciário - esses procuradores e juízes que ganham para estar entre os 1 e os 0,2  % mais ricos da população se tornar um agrupamento do Estado mais efetivo que os militares em apoiar a rapina sobre a riqueza pública e sobre os mais pobres.

E aqui estamos, sem instrumentos políticos para apoiar nossas aspirações de uma sociedade capaz de apoiar seus cidadãos e construir uma nação equilibrada e civilizada. Mas, como ouvi outro dia em uma reunião destinada ao lançamento de uma nova revista sob a direção do Raimundo Rodrigues Pereira: estamos vivos. 

Tenho certeza que temos que continuar procurando e fazendo. Nós, a esquerda.





















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