domingo, 20 de novembro de 2016

UNCONVENTIONAL OIL AND GAS CONFERENCE NO IEE


Nos dias 16 e 17 de Novembro de 2016 o IEE – Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, promoveu a conferência com o título acima. A conferência inaugurou o uso do auditório recém-construído do IEE.

A abertura contou com autoridades e o cônsul dos Estados Unidos. O professor José Goldemberg, atualmente presidente da FAPESP, o político João Carlos Meirelles, secretário de Energia e Mineração e duas outras autoridades da USP, além do citado cônsul.

Apesar do esforço por preencher os vazios da plateia com a convocação de funcionários do IEE, a presença durante da abertura foi bastante limitada em face dos cerca de duzentos lugares disponíveis. Foi fornecida tradução simultânea de e para o inglês, já que boa parte dos participantes veio dos Estados Unidos.

Este que descreve o evento não teve disponibilidade para acompanhar os trabalhos in loco. No entanto acho importante destacar alguns pontos importantes que observei.

Quanto ao título: embora se tratasse da extração de betume e de gás de formações sedimentares, folhelhos, mediante fraturamento hidráulico, o título foi “não convencional”, bem mais vago, e mais distante das operações físicas feitas sobre essas formações. Ajuda a manter longe a percepção de operações que usam grandes quantidades de água, e que têm acarretado a contaminação dos lençóis subterrâneos em tantos locais.

Assisti a parte da exposição inicial do professor Ildo Luis Sauer, vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente. Chamou-me a atenção em particular, além da crítica às inciativas dos governos anteriores à instalação de Michel Temer na presidência da República, que no caso incidiu sobre a licitação de locais para fraturamento hidráulico no Brasil, que fracassou porque não obteve adesões de interessados.

Um ponto da crítica do professor Sauer foi que a licitação, inoportuna no timing, acabou por despertar os “demônios” dos opositores à prática, que se tem insurgido à inciativa em nome da segurança ambiental.  

Examinei a lista de expositores. Apesar de essas formas de exploração terem encontrado resistências articuladas o bastante para justificar moratórias impostas por países europeus (como a França) e vários estados dos EUA, os expositores estrangeiros são ou representantes da indústria do “fracking” ou acadêmicos (inclusive um filósofo) favoráveis à mesma.

Em outras palavras, aparentemente a introdução do fracking no Brasil, que inclui as bacias do aquífero Guarani, para esta Conferência é uma questão praticamente, uma questão de viabilidade econômica, já que as técnicas são ambientalmente seguras apesar de resistências locais que logo devem ser superadas, e, portanto, podem ser desde já tratadas apenas pela indústria do faturamento hidráulico e pelas autoridades “reguladoras”. A conferir quando o IEE disponibilizar os conteúdos liberados da Conferência em seu site.

Acredito que outros pesquisadores e professores do próprio IEE poderiam convocar uma conferência em que as dúvidas mais do que fundadas sobre a viabilidade ambiental dessas práticas sejam colocadas, eventualmente chamando para o debate seus defensores e patrocinadores inclusive alguns dos presentes à UGCOC. Lembro-me em especial dos professores Pedro Jacobi e Célio Bermann.

Uma outra coisa que me chamou a atenção. Apesar de o evento ter se iniciado com a execução do hino nacional brasileiro, o cartaz mais o programa parece ter sido divulgado apenas em inglês.


Em todo caso, é realmente uma pena que o Instituto de Energia e Ambiente, anteriormente de Eletrotécnica e Energia, em todos estes anos não tenha tratado da questão básica que ameaça a Terra, que é a ligação entre a Energia e o Aquecimento Global. Acima dos interesses das corporações que pretendem simplesmente extrair ainda mais carbono da Terra, não importando o grau de sujeira dos processos usados para que ele possa ser liberado na atmosfera e precipitar a catástrofe global que se aproxima.

Nenhum comentário: