quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A REPÚBLICA DE CURITIBA E O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO

Como já escrevi antes, o golpe atua em várias frentes. Uma delas é como linha de frente dos interesses dos EUA. Será que foi esclarecida a explosão na base de lançamento de Alcântara, onde se estava trabalhando em um programa espacial independente? 

Aqui, trata-se do programa nuclear brasileiro. Diga-se de passagem, este programa não inclui armas nucleares, já que o Brasil unilateralmente e sem qualquer contrapartida das potências nucleares, aderiu no governo FHC ao tratado de não proliferação, que mantém o monopólio de intimidação com quem já possui essas armas. 

O programa o que sempre objetivou foi aumentar a capacitação brasileira no uso da energia nuclear para geração de energia elétrica nas centrais nucleares, e para a propulsão marítima em submarinos, necessários para defender as costas brasileiras, principalmente a partir da descoberta e desenvolvimento das jazidas de petróleo e gás do pré-sal. Veja este artigo de Emerson Leal.

O que há por trás da prisão do Vice-Almirante Othon?

Othon Pinheiro é um grande cientista e coordenador do projeto brasileiro de enriquecimento de urânio. A importância desse projeto para o desenvolvimento e domínio da tecnologia nuclear é extraordinária. No governo Vargas – como lembra Fernando Brito – o Almirante Álvaro Alberto fez a primeira tentativa, ousada, no sentido de iniciar o desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil, colocando em risco sua carreira militar.

            1. – Com o apoio de Getúlio Vargas, o Almirante Alberto tentou adquirir secretamente centrífugas para o enriquecimento do urânio. Tentou, mas os EUA descobriram e implodiram esse esforço, que nos teria permitido avançar muito nessa área. Assim, perdemos algumas décadas! É possível que o Vice-Almirante Othon tenha recorrido a expedientes parecidos para desenvolver a tecnologia de enriquecimento de urânio através de ultracentrífugas – mais avançadas que as próprias centrífugas norte-americanas. Contudo, surgiu um outro personagem para levantar barreiras ao nosso projeto: o juiz Sérgio Moro.

            O êxito alcançado por Othon Pinheiro foi muito grande. Tanto é assim que o Brasil realizou recentemente a primeira venda de urânio enriquecido – que é usado também como combustível em reatores nucleares – para a Argentina. Em qualquer país civilizado do mundo, o autor de tais feitos estaria recebendo todas as honrarias outorgadas pelas instituições maiores de uma nação. Mas, no Brasil, ele é colocado na prisão por supostos crimes que sequer foram comprovados.

2. – Othon Pinheiro, que tem dedicado toda a sua vida ao País, recebeu do presidente Itamar Franco, em 1994, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Além disso, é Comendador: da Ordem do Mérito Naval; do Mérito Militar; do Mérito Aeronáutico e do Mérito das Forças Armadas. E recebeu também as medalhas: do Mérito Tamandaré; do Pacificador; do Mérito Santos-Dumont e a Militar de Ouro. Foi também esse Almirante – com pós-graduação em Eng. Mecânica e Eng. Nuclear no MIT – que esteve à frente do projeto de construção do primeiro submarino nuclear brasileiro, de navios e de infraestrutura fundamentais para o desenvolvimento e a defesa estratégica do País.

            3. – Incrivelmente, nesta Terra Brasilis um juiz do Rio de Janeiro, sem qualquer prova conclusiva contra o almirante Othon – portanto, usando o expediente fascistoide do domínio do fato –, condena-o a 43 anos de prisão por crimes supostamente cometidos durante as obras de construção da usina nuclear de Angra-3. Essas são as acusações do MP e da PF da República de Curitiba. Seriam R$ 4,5 milhões que Othon teria recebido “como vantagens por um contrato aditivo de R$ 1,2 bilhão” para a construção da usina.

4. – Em seu depoimento, Othon admitiu que recebeu dinheiro da Construtora Andrade Gutierrez por vias transversas como pagamento à empresa de consultoria de sua filha (que também está presa) para elaborar estudos sobre Angra-3. Porém, negou que tenha “concedido ou recebido vantagens ilegais por conta disso”.  Mesmo assim, o Dr. Moro e o juiz do RJ o confinaram em prisão domiciliar. Como não questionar essa lógica perversa, em que políticos como Michel Temer e José Serra – contra os quais existem denúncias e provas de que receberam, respectivamente, R$ 15 milhões e R$ 23 milhões em propinas – sequer são investigados?

            5. – O Prof. J. Carlos de Assis lança a hipótese de que o dinheiro recebido por Othon tenha sido utilizado para driblar o veto norte-americano ao desenvolvimento da tecnologia nuclear brasileira: só no mercado-negro é possível adquirir os componentes eletrônicos indispensáveis ao projeto das ultracentrífugas, já que os EUA não permitem que sejam comprados por países rebeldes aos seus interesses.

Para mostrar a essência subalterna dos representantes da República Paralela de Curitiba, o Prof. Assis citou o exemplo de Werner Von Braun – cujos mísseis V2 destruíram parte de Londres na 2ª Guerra Mundial e vitimaram milhares de pessoas: os EUA o salvaram da forca e usaram seus conhecimentos para desenvolver a tecnologia espacial que levou o homem à Lua.

Já no Brasil, o Dr. Moro coloca na cadeia um homem com a dimensão científica e moral do Vice-Almirante Othon – com o aplauso da Mídia hegemônica e golpista, e dos vira-latas de plantão.

Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular pela USP de S. Carlos.

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