quinta-feira, 14 de abril de 2016

ARTUR SCAVONE E A MARCHA DO GOLPE

E o papel do tal Supremo Tribunal Federal nisso tudo. Do Brasil 247



Domingo próximo acontecerá no país uma piada histórica: um conjunto de deputados sabidamente corrupto pretende promover o impeachment de uma presidenta da República que não cometeu qualquer crime. O teatro está patrocinado pelo grande capital e seus associados estadunidenses, em particular as quatro grandes do petróleo. A embaixadora norte-americana do golpe paraguaio, deslocada para o Brasil, já executou as articulações necessárias. Das que ficamos sabendo estão a retirada de Paulo Maluf da lista da Interpol, os dados confidenciais enviados pelas agências norte americanas ao pupilo Sergio Moro, o treinamento dos rapazes de Curitiba, além das medidas internacionais visando quebrar a economia nacional. O objetivo efetivo dessas ações é desmontar os BRICS, romper a aliança progressista na América Latina, liberar o pré-sal, retomar o comércio, os investimentos associados e derrubar o "custo Brasil". O povo trabalhador no Brasil está sob ataque.
Mas a verdadeira piada estará na suprema vergonha que todos teremos que passar por ver os magistrados mais honrados do Supremo Tribunal Federal de quatro sob suas togas pretas, escondidos em seus gabinetes porque – afinal – têm uma postura republicana e não interferem nos demais poderes. Fechados entre as quatro paredes de suas salas acompanharão pelas telas de suas TVs os comentários sagazes de jornalistas bem pagos para atuarem como animadores de auditório. E saberão como um deputado acusado de corrupção e lavagem de dinheiro irá presidir o espetáculo midiático do julgamento do Impeachment do alto de sua esperteza política e ética, em íntima articulação com o Vice Presidente da República, o notável deputado conhecido como grande constitucionalista entre políticos e como perspicaz articulador político entre juristas.
A postura republicana dos nossos honrados magistrados contrasta com as ações ousadas da troupe golpista: há, entre seus colegas, aqueles que não têm qualquer prurido em atuar como lideranças partidárias e assumem ações de franco interesse político. Assim como uma enorme gama de colegas de instâncias inferiores da Justiça seguem seu exemplo, buscando sempre intervir no poder Executivo que está sob ataque, para ver quem conquista maior notoriedade na mídia.
A pergunta que não quer calar busca saber que motivos conduzem V. Exas a não entenderem que uma postura republicana, neste momento agudo da história nacional, não demanda a prisão de um ou outro senador ou deputado, mas a desconstituição da farsa comandada por Eduardo Cunha e seus aliados históricos. O Presidente da Câmara dos Deputados é um compulsivo articulador de ações protelatórias que visam impedir a discussão de uma possível cassação de seu mandato, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro pelo Procurador Geral da República, pedido que está sob a análise de V. Exas. Não faltam relatos de ameaças a desafetos. Como pode um político nessa condição presidir um dos poderes nacionais?
Além disso, permitir que a sessão da Câmara dos Deputados aconteça em um domingo não trata simplesmente da liberdade de ação da instituição, mas à descarada articulação entre essa troupe e as redes de TV que pretendem conduzir o espetáculo midiático sob a batuta dos seus animadores de auditório. V. Exas estão avaliando se a nomeação do ex-presidente Lula foi movida por um interesse em afastá-lo das mãos do juiz Sergio Moro: essa avaliação de alcance subjetivo não deveria também conduzi-los a avaliar a intenção do Sr. Eduardo Cunha e da Rede Globo de Comunicação? Onde está a postura republicana do Supremo Tribunal Federal? Quantos pesos e quantas medidas serão usadas para conduzir o momento grave que o país vive?

O terrível futuro que se avizinha é a consumação de uma suprema piada, em que corruptos cassarão uma presidente honesta enquanto magistrados honrados ficarão calados diante de seus pares que – em diferentes instâncias – participam das articulações golpistas. E anti-nacionais. As dimensões políticas das ações que estamos prestes a assistir transcendem a realidade nacional e têm alcance geo-político transnacional. Ou alguém ainda acredita que estamos vendo um grande combate à corrupção no Brasil?

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