terça-feira, 28 de outubro de 2014

SUSTENTABILIDADE: UM CONCEITO OU UMA ETIQUETA

Tem sido as duas coisas. Posto em circulação já há algumas décadas, numa publicação da ONU de 1987, o termo desenvolvimento sustentável, que se propunha a substituir um desenvolvimento destruidor, continua até hoje sem uso no sistema econômico geral.

Existem opções, por exemplo, de formas de produção mais sustentáveis que outras, por exemplo que usam menos energia, menos minerais cuja extração e transformação poluam menos e não retirem das gerações futuras condições que serão necessárias. Como o conceito poderia ser usado como ferramenta para quem quer proteger o meio ambiente mesmo que de forma limitada?

Aplicado o critério de proteger as futuras gerações, poderia se impor limites à exploração de recursos minerais - inclusive a água, à degradação da capacidade de regeneração pelos sorvedouros de poluentes, como o solo, as águas doces, as águas oceânicas, a atmosfera. Para isso é necessária uma força organizada da sociedade, ou seja, Estado.

Acontece que o Estado capturado pelo capitalismo, além de ser um organismo que vive um processo de degradação em sua capacidade de intervir nas atividades econômicas, nega-se a intervir, devido a essa mesma captura. Como se colocam as forças sociais em relação à degradação ambiental? Pode-se distinguir executivos de empresas de mineração, industriais e agrícolas, privadas ou estatais, que nessas questões se colocam mais ou menos da mesma forma; cidadãos diretamente afetados por processos agudos de degradação ambiental; as grandes coletividades, afetadas pela mudança climática, elevação do nível dos oceanos, degradação das águas e da atmosfera; funcionários de governos; políticos.  E acadêmicos e profissionais de relações públicas.

Estes dois últimos grupos são atores privilegiados a pilotar a questão "sustentabilidade". Costumam envolver seus aparelhos de comunicação e de construção de conhecimento, como organizações não governamentais, publicações acadêmicas, grupos de pesquisas e de reflexão (os "think tanks"), burilando o conceito, apontando casos exemplares, confortando os bem pensantes e ajudando a legitimar empresas industriais, inclusive de petróleo, gás e carvão apontando seus gestos que compensariam assim sua razão de ser e forma normal de atuação.


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