sexta-feira, 17 de outubro de 2014

MEU TESTEMUNHO PARTE 2: JOSÉ SERRA

Foi meu veterano na Escola Politécnica . Em 1962 e 1963 houve uma série de greves estudantis, uma contra a cátedra vitalícia , outra por uma representação de um terço de estudantes nós órgãos colegiadas nas universidades. Naquela época ta Politécnica entrava nas greves.

Serra era líder,  foi presidente do Grêmio Politécnico. Discursava com espalhafato, com seu cabelo negro encaracolado, olhar  messiânico.  Definitivamente não me impressionava. Era da AP, ação popular, um desdobramento da JUC - juventude universitária católica, criada pelos padres para disputar com os comunistas a liderança nos movimentos estudantis, que eram bastante ativos na política em geral. Embora a AP se colocasse como esquerda, na POLI alguns de seus elementos deduravam nas assembleias estudantis os colegas comunistas, usando isso para desqualificá-los.

Alguns de meus colegas da AP, um grupo de engenharia de produção, foi direto trabalhar no ministério de planejamento da ditadura com Roberto Campos. Antes disso, Serra, que era então presidente da UNE, fugiu para o Chile. Teve início nessa ocasião, creio, sua proximidade com FHC.

Lá também ele foi acolhido por um brasileiro, Miguel Bohomoletz, engenheiro que lhe deu apoio por um certo tempo. Mais tarde, quando ministro de planejamento de FHC, Serra negou-se a receber Miguel.

Um episódio bem estranho foi a fuga de Serra do Chile para os EUA, quando a ditadura chilena, apoiada como a brasileira pelo grande irmão do norte se instalou com  a derrubada de Allende. Já casado, ele foi para lá, um cara perseguido pela direita que os Estados Unidos apoiavam, e alguns anos depois emerge como doutor em economia por uma universidade americana de primeira linha - Cornell -, com uma tese que jamais foi publicada para sabermos o que foi.  Quais terão sido os contatos com o governo americano para viabilizar essa virada na vida do refugiado político?

No governo Montoro, secretário de planejamento, cuidou de aparelhar órgãos  e empresas públicas , como a CESP, onde eu estava começando a trabalhar, com homens de sua confiança. No governo FHC foi um dos campeões da privatização. Não sei quando foi exatamente que sua filha Verônica abriu suas contas e empresas nas Ilhas Virgens Britânicas, e adquiriu a casa em que mora o ilustre político pessedebista. Mas não foi muito longe das privatizações (ver, por exemplo, aqui).

Agora acaba de ser eleito senador por São Paulo. Pelo menos sabemos que quem quer que vença as eleições do dia 26 de outubro ele não será autoridade do executivo. O patrimônio público agradece.





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