terça-feira, 29 de julho de 2014

SANTANDER E A APOSTA CONTRA O BRASIL

O Santander é um banco espanhol, que aproveitou a onda de privatizações dos governos tucanos para comprar bancos antes nacionais, como o Banespa e o Real (que já ha via sido desnacionalizado). A antiga Caja de Ahorro de los Gitanos de Santander se beneficiou, como a Telefónica, com o dinheiro que a União Europeia deu para a Espanha modernizar sua infraestrutura, mas foi usado em vez disso para tratar de recolonizar a América Latina com a compra de empresas privatizadas sob a orientação do FMI. No caso da Telefónica, para ser a campeã absoluta de reclamações no Procon.

Desnacionalização dá em coisas como essas. Veja o relato do repórter Joaquim de Carvalho, que saiu no Diário do Centro do Mundo. Eu mesmo fui pressionado a investir em um fundo de ações de empresas apenas estrangeiras, excluindo as brasileiras. Por que no se ván?


O Santander, a especulação e eu



Postado em 28 jul 2014
santander

Há duas semanas, recebi uma ligação da sala de ações do Santander. O corretor insistia para que eu vendesse uma aplicação que tenho em ações da Petrobras. Com os papéis em alta, ele argumentava que era hora de vender. Como tenho também ações da Vale, igualmente em alta, argumentei que, por essa lógica, era melhor vender também estas.
Aí ele disse que era diferente. A Petrobras, segundo relatório a que ele disse ter tido acesso, estaria em dificuldades e a perspectiva para os próximos meses seria de queda na produção de petróleo.
Achei estranho e decidi que era melhor continuar com as ações da Petrobras e também da Vale. Minhas aplicações são bem modestas (é a minha poupança), e imagino que, para se lembrar de mim, o corretor deve antes ter feito o mesmo com clientes de maior expressão. Quando recebi o telefonema do funcionário do Santander, a ação estava em torno de R$ 19,00. Hoje, passa de R$ 20,00.
Imagino que outros aplicadores devem ter tomado a mesma decisão que a minha porque, se tivesse havido um grande movimento de venda dos papéis da Petrobras, como sugeria o corretor, o preço teria despencado. Escrevo este artigo porque penso que a orientação de venda de ações da Petrobras por parte do corretor está alinhada à carta que o Santander mandou aos clientes alertando para o risco de deterioração econômica no caso da reeleição de Dilma Rousseff.
Tanto no caso da carta quanto no da Petrobras, houve uma tentativa de manipulação de mercado, com repercussões políticas. Como repórter, não tenho interesse de defender nenhum governo. Meu trabalho é contar o que se passa. Também não é usual que eu me inclua nessas histórias. Mas, neste caso, o depoimento pessoal se torna imprescindível para entender um período relevante da história do nosso país.
Sobre o Autor
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br

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