segunda-feira, 7 de julho de 2014

O CALIFA AL BAGHDADI E O IMPÉRIO DO CAOS

A ideia de um califado, que significa a restauração de um império islâmico, sunita, sob um sucessor "legítimo" de Maomé, é tão velha quanto a derrubada do último califa na Turquia, por Mustafá Kemal, em 1924. Essa ideia há alguns anos atrás já assombrava alguns anos alguns jornalistas mais informados, aqui.

Quando o império otomano, que incluía o califa, foi desmontado no começo do século 20, foi em benefício de Inglaterra e França, que dividiram entre si o norte da África e o Oriente Médio. Foram criados "países" para dividir os despojos entre as duas potências coloniais. O petróleo já era importante para as duas, às quais viriam a se juntar os EUA, quando também para estes últimos os poços produtores começaram a escassear. 

Os países de maioria muçulmana, praticamente todos subordinados aos impérios europeus e estadunidense, têm passado boa parte do tempo a tentar afirmar-se. Muitas revoluções nacionalistas estabeleceram-se, a maioria com regimes ditatoriais, mas ao menos um, o Irã, com um regime parlamentar, para serem todas atacadas pelos impérios, e atualmente por um império, através de golpes e guerras, por procuração ou diretas. Uma nação, a Palestina, tem tido seus moradores não judeus massacrados e expulsos de suas terras desde a criação do Estado de Israel, aliados ao império.

Agora vem essa nova praga, um clérigo fundamentalista que só pode prosperar depois de a sociedade que funcionava, sob ditadura mas funcionava, dava oportunidade de vida, sob um governo laico no Iraque ser reduzida a escombros com a invasão estadunidense. O mesmo com a guerra civil iniciada sob os auspícios dos EUA e da Arábia Saudita, seu aliado. Agora teremos um novo entrevero, entre o império do caos, e os califadistas. 

O país que se proclama excepcional (nenhum presidente dos EUA imagina colocar-se fora dessa estúpida crença) e o grupo que se juntou ao sanguinário fanático que sonha restaurar o império islâmico que inclui todos os países de maioria muçulmana e mais os países que já foram, incluindo a península ibérica, os Bálcãs, Indonésia, Grécia, etc. Que está arregimentando jovens sem outras perspectivas dos países árabes e muçulmanos de origem ou convertidos do resto do mundo. Junto aos outros grupos jihadistas que já estão em ação há tempos.

Ambos usando o terror como estratégia básica de sua ação. Tempos interessantes, feios como sempre ocorre, fora dos intervalos de paz precária. Veja aqui o artigo de Pepe Escobar sobre essas questões. 




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