quinta-feira, 31 de julho de 2014

NA ALEMANHA NAZISTA ERA BEM PARECIDO

Enviado a mim pelo Gato.

Veja no vídeo o absurdo das manifestações israelenses saudando a morte de crianças palestinas... horror total!
O texto abaixo, em inglês, mostra como essa atitude, próxima das manifestações nazistas, apoia o massacre que as força armadas israelenses fazem na Faixa de Gaza, matando milhares de palestinos, especialmente crianças... confira...


“Gaza is a graveyard,” sing joyful Israeli youths

In her latest post, my colleague Rania Khalek makes reference to “a new racist chant mocking the more than two hundred children slaughtered by Israel’s merciless bombing campaign in Gaza: ‘Tomorrow there’s no school in Gaza, they don’t have any children left.’”
This video shows an Israeli mob actually singing in celebration of children’s deaths in the style of a soccer fans’ song: “In Gaza there’s no studying, No children are left there, Olé, olé, olé-olé-olé.”
The mob also incites directly against Ahmed Tibi and Haneen Zoabi, two prominent Palestinian citizens of Israel who are members of the Knesset, Israel’s parliament.
The video of the 26 July event in Tel Aviv was published byIsraeli journalist Haim Har-Zahav.
The words of the repulsive song have been translated for The Electronic Intifada by Dena Shunra:
Tibi – Ahmed Tibi
I wanted you to know
The next kid to be hurt will be your kid
I hate Tibi
I hate Tibi the terrorist.
Tibi – is dead!
Tibi – is dead!
Tibi – is dead!

Tibi is a terrorist.
Tibi is a terrorist.
Tibi is a terrorist.

They’ll take their papers away.
They’ll take their papers away.
They’ll take their papers away.
Olé, olé, olé-olé-olé
In Gaza there’s no studying
No children are left there,
Olé, olé, olé-olé-olé,

[Three lines, not entirely clear]
Who is getting nervous, I hear?
Zoabi, this here is the Land of Israel
This here is the Land of Israel, Zoabi
This here is the Land of the Jews
I hate you, I do, Zoabi
I hate all the Arabs.
Oh-oh-oh-oh
Gaza is a graveyard
Gaza is a graveyard
Gaza is a graveyard
Gaza is a graveyard


GAZA, UM OLHAR MAIS PRÓXIMO

Israelenses e estadunidenses gostam muito de bombardeios. Eles veem colunas de fumaça, ouvem as explosões de longe, depois procuram saber a contagem de corpos - em princípio, todos os mortos são terroristas, ou podem ter apoiado, ou podem vir a ser. Com os drones, então, a visão é ainda mais privilegiada. 

Mas alguns malditos jornalistas insistem a dar uma face humana às vítimas. Pessoalmente, prefiro estes. Como o do Observer, revista britânica, cujo relato que foi traduzido e publicado no site da Carta Capital:

A guerra em Gaza deixa as crianças congeladas de medo

O correspondente do Observer assiste ao terror que domina a região há mais de 20 dias e deixou milhares de mortos
por The Observer —           
 
Palestinos feridos em Khan YounisHomem e criança feridos em ataque aéreo de Israel aguardam tratamento em frente a um hospital em Khan Younis, na Faixa de Gaza, na terça-feira 29
Por Peter Beaumont, em Gaza

Estou tirando fotos em uma rua deserta de Gaza junto à praia certa tarde, ao anoitecer, quando uma figura solitária em uma túnica cinza entra no quadro, encobrindo o rosto. Ele se aproxima e pergunta irritado por que estou fotografando os prédios. Eu lhe mostro a foto, na qual ele aparece como uma pequena figura de rosto invisível. Segue-se uma conversa paranoica até que ele parece se acalmar. O homem vai embora apressado, falando ao telefone.

Não é um incidente isolado. Em outro dia, um homem está sentado ao meu lado no hospital em Beit Lahia. Quando me levanto para dar lugar a seu amigo, ele me puxa pelo braço e faz perguntas apressadas, até que se satisfaz com a explicação.

Esses homens estranhos e urgentes são os mesmos observadores que avistamos nos grupos reunidos nos locais dos ataques aéreos de Israel, ou que chegam com seus amigos feridos nos hospitais de Gaza. Eles viram rapidamente a cabeça, evitando as câmeras, ou puxam um capuz. Não é difícil adivinhar quem são em um conflito que – para os repórteres ocidentais – é definido em grande parte pelo que está claramente ausente. São homens ligados às facções armadas, principalmente o Hamas.

Na maioria das guerras que cobri, encontrava um dos lados combatentes, muitas vezes ambos, mas, em Gaza, onde a morte cai do céu, os que guerreiam são geralmente invisíveis, exceto pelo impacto de suas armas. O resultado é que em Gaza vemos a guerra pelo prisma do sofrimento das vítimas – um conflito no qual os que poderiam oferecer um raciocínio organizador estão ausentes.

A realidade é que o sinal mais visível das facções militantes palestinas, na maioria das vezes, são os foguetes que elas enviam zunindo sobre os telhados. É somente em seus funerais, com seus rostos destruídos e amarelos, os corpos enrolados em bandeiras, que podemos nos aproximar deles. De outro modo, somos obrigados a adivinhar.

Lá está o homem sentado em uma cadeira plástica lendo o Corão diante de um prédio próximo a um parque da cidade. Ao me aproximar dele, posso ver o rádio walkie-talkie escondido no livro.

Encontro outro indivíduo inspecionando um pequeno prédio danificado com vista para o Mediterrâneo. Ele me pergunta o que eu quero. Ao perceber que sou jornalista, permite que eu tire fotos do grupo de observadores curiosos, mas insiste para não ser incluído.

Não são apenas os membros do Hamas e de outras facções militantes que estão nervosos; a presença dos aviadores e soldados israelenses que conduzem a guerra do seu lado é tão imaginada, na maior parte do tempo, quanto é realmente tangível.

O som de canhões navais rebomba dos navios invisíveis além do horizonte, como um tambor tocado por uma criança impaciente. Folhetos são despejados do céu ordenando que os civis se retirem, mensagem que também é transmitida por torpedos ou telefonemas de homens e mulheres que falam árabe com forte sotaque israelense.

De vez em quando vemos os drones (aviões teleguiados) sempre presentes, quando a luz capta suas asas, mas principalmente é o ruído que se ouve, um zumbido como um enorme circuito elétrico.

Entro em Gaza no primeiro dia e vejo o primeiro ataque aéreo do estacionamento do lado israelense, antes de cruzar a fronteira. A guerra no início parece uma série de eventos aleatórios. Bombas e mísseis explodem na rua, mas como eventos parecem desconectados. Com o passar dos dias, a guerra se intensifica e os espaços que não são guerra tornam-se raros. O conflito já é onipresente.

Estou em uma rua quando uma casa explode na minha frente; estou no terraço do meu hotel na praia em Gaza quando dois foguetes são disparados contra o muro do porto próximo e quatro crianças morrem; os sobreviventes sangrando chegam ao nosso santuário, onde lhes prestamos os primeiros socorros. De repente a destruição aparece em toda parte. Você vira uma esquina e encontra vidro e entulho na rua, árvores derrubadas ou uma cratera.

Os prédios caem de maneiras diferentes. Às vezes as bombas removem a fachada, como se fosse com uma faca, deixando os quartos expostos e móveis nos locais onde se encontravam. Às vezes a bomba não deixa nada além de um buraco cheio de montes de concreto; outras, as estruturas são transformadas em domos assimétricos, com as barras de ferro expostas.

Algumas horas antes da invasão por terra, estou sentado no jardim de Omar Shaban, diretor do grupo de pensadores independente PalThink, em sua casa em Deir al-Balah. Os borrifadores regam seu gramado imaculado e as flores bem cuidadas crescem em profusão.

Ele me diz que os políticos não conseguem solucionar os problemas de Gaza, mas os pensadores sim. "Eu disse dois anos atrás, depois do último cessar-fogo, que ele não poderia durar. Eu disse que não duraria dois anos. Por quê?", pergunta-se. "Porque Israel e a comunidade internacional não deixaram ao Hamas nada a perder. Então 200 pessoas morrem. Mas poderiam ser 500, ou mil. Eles podem suportar isso. E não é porque não gostam de pessoas.
"Temos dois líderes muito imbecis", diz ele com ênfase. "Abu Mazen [o apelido do presidente palestino, Mahmud Abbas] quer enfraquecer e humilhar o Hamas. [O primeiro-ministro israelense] Benjamin Netanyahu só está interessado em sua agenda política interna, de curto prazo."

Ele não é menos severo sobre a agenda do Hamas e sua falta de realizações. "Eu olho para este jardim", diz de repente, "e me pergunto se consigo viver aqui mais um ano. Não posso, enquanto meus vizinhos estão sofrendo." Ele ri meio sem graça. "Mas não tenho outro passaporte ou outra nacionalidade."

Eu vejo os que têm outras nacionalidades partindo em uma tarde pela fronteira de Rafah, cruzando para o Egito, parecendo assustados e desanimados. Mas são uma pequena minoria. A maior parte dos 1,8 milhão de habitantes de Gaza não pode partir. O que significa que não há onde se esconder, exceto as escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados abertas como refúgios. Elas são consideradas por muitos que já têm experiência como um local de último recurso, por isso as pessoas vêm e vão dando opiniões sobre a violência como se fosse o clima – calculando o que elas podem suportar em um dado momento.

Enquanto a guerra progride e a violência se agrava, um fatalismo parece se instaurar. Escuto o mesmo refrão dos que voltam para suas casas apesar dos avisos de ataques israelenses: com Gaza inteira sob risco, eles preferem ficar em suas casas do que em um local estranho lotado. E morrem em suas casas.

As explosões reorganizam e tornam incongruente o que deveria ser doméstico e familiar. Roupas se espalham pela rua, um tigre plástico de brinquedo está caído entre os destroços e a poeira em um quarto onde alguém morreu.
Um dia depois, estou dirigindo por Zeitoun, a sudeste da cidade de Gaza. Vejo um cavalo e uma carroça com uma bandeira branca tremulando. Mohammad Abu Ajwa, 32 anos, explica que tem uma fazenda perto da fronteira com Israel. "Tenho cem vacas lá." Ele acrescenta que não sabe se a bandeira branca vai funcionar. "Não sei se ela vai me proteger, mas já a usei para chegar à nossa fazenda." No entanto, no lugar onde fica sua fazenda há tanques e tropas israelenses.

"Minha casa fica a um quilômetro da fronteira. Eu quero levá-las para um lugar seguro", diz Ajwa. "Vou tentar pegá-las esta tarde se a situação se acalmar."
O que não se diz, mas é lembrado pelos agricultores de Gaza, é o que aconteceu com a maior parte do gado durante a última grande invasão terrestre por Israel, em 2008-09. Depois que a guerra terminou, os campos estavam cheios de animais mortos.

Ele nos conta sobre o bombardeio da noite anterior, o fogo de artilharia inicial da invasão por terra que sacudiu sua casa enquanto sua família se abrigava em um quarto.
Tínhamos assistido ao início do bombardeio em segurança, no terraço de uma família na cidade de Gaza, enquanto os clarões iluminavam o céu e caíam sobre bairros que tentávamos identificar seguindo o muro da fronteira.
Nossos anfitriões, hospitaleiros como sempre são os habitantes de Gaza, trouxeram café e suco de frutas que bebemos no escuro enquanto ouvíamos as bombas caírem, um estranho esporte de espectadores. As luzes em bairros inteiros ao norte se apagaram, uma após outra, fazendo as colunas de chamas produzidas pelos ataques aéreos parecerem ainda mais vívidas. Um grande foguete do Hamas é lançado da cidade e se volta para o mar, rumando em direção à costa. Uma bateria Iron Dome israelense além do muro da fronteira o atinge e o míssil se desintegra em uma dúzia de fragmentos de luz dourada que se apagam aos poucos.

Em momentos como este a guerra não parece muito real, até que uma sirene soa à distância e vem a percepção de que agora eu também tenho de voltar dirigindo pela cidade.
No décimo segundo dia de guerra, em meio a reportagens de que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se dirigia ao Oriente Médio para ajudar a pôr fim ao conflito, as palavras de Omar Shaban voltam à minha mente. A consciência dos dois conflitos anteriores em Gaza em cinco anos, de dois cessar-fogos que deixaram de funcionar em longo prazo, salienta a crescente suspeita de que nenhum dos participantes sabe como encerrar isto. Não há um mediador em quem os dois lados confiem. O Hamas não confia no Egito, hoje profundamente hostil a ele, ou seu suposto parceiro no governo de união palestino, o presidente Abbas. E Israel, por sua vez, não quer que o Catar se envolva. O governo americano oscila entre a retórica de apoio a Israel e a impotência diante do horror.

Sentimos que ambos os lados, tendo jogado este jogo antes sem alcançar o que desejavam, adotaram posições radicais – que são igualmente irreais – às quais se prenderam. Apesar do número crescente de mortos, vista de Gaza a comunidade internacional parece cansada desse problema, sem conseguir se indignar.

No hospital Kamal Odwan em Beit Lahia, há um tipo diferente de cansaço. Na sexta-feira de manhã encontro-me com o doutor Mohammad Shaheen, um cirurgião ortopédico, logo após a chegada de três crianças da família Mosallem mortas por um disparo de tanque. "É difícil para nós, mesmo como médicos. É muito difícil ver isto", diz Shaheen. Ele acrescenta que não dorme direito há vários dias.

Alguns minutos depois, encontro a irmã das crianças mortas, uma menina de cerca de 7 anos com um longo rabo-de-cavalo castanho, o rosto brilhando de lágrimas. Ela está sentada na sala de espera com sua mãe, Muna, que conforta uma criança menor. A menina olha para a mãe, perdida em sua dor, para os jornalistas e os trabalhadores que observam, e novamente para a mãe, procurando uma explicação, um consolo que ninguém pode lhe dar.

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E AQUECIMENTO GLOBAL: OS MATERIAIS

Recebi de meu amigo o professor Cyro Takano a incumbência de iniciar um artigo sobre energia consumida na produção de alguns metais. Todos esses metais consomem grandes quantidades de energia, causando os impactos ambientais correspondentes, com destaque especial para a produção de gases de efeito estufa. 

O resumo que Cyro me enviou falava da necessidade de melhorar a eficiência energética dos processos de produção dos metais para garantir a sua sustentabilidade ambiental e econômica. Não consegui me satisfizer com a proposta de pesquisa, embora ela fosse já um bocado abrangente: melhorar a eficiência dos processos de produção em uso, passar para outros processos menos consumidores de energia e introduzir novas fontes de energia nos processos.

Em Engenharia de Produção nos estudos de casos é frequente que um problema detectado, uma vez examinado com cuidado, acabe por ser reformulado, por que problema, uma vez examinado com outros olhos, mostra-se diferente daquele enunciado em primeiro lugar. Quando se examinam tendências no uso das técnicas de produção, em função de objetivos como os apontados acima, é obrigatório examinar se esses objetivos, uma vez atingidos, poderão levar a uma melhoria nas perspectivas para o meio ambiente e se não há outros objetivos, em adição ou alternativos aos primeiros.

No caso presente poderia ser investigada a possibilidade de substituição dos metais, por metais, ligas, cerâmicas ou polímeros cuja produção seja menos intensiva em energia e para os quais as atividades de extração e beneficiamento de matérias primas sejam menos disruptivas sobre o meio ambiente. De modo mais abrangente, o projeto básico dos produtos que usam esses materiais - bens de consumo e de produção, poderia ser refeito, em função dos efeitos ambientais de seus materiais constituintes. Que critérios seriam usados neste caso?

Para além do critério básico da engenharia - minimização de custos, com os custos representados por seus valores de mercado, projetistas de produtos e processos devem, ao considerar a necessidade de baixar o consumo de energia e os impactos ambientais, tomar decisões através de procedimentos bem mais complexos.

O critério de minimização de custos é conceitualmente simples, e pode ser facilmente partilhado entre o projetista e o dono do negócio. É o critério da normalidade, que ganhou força extra com a grande onda de desregulamentação que vem sendo implementada na economia mundial nos últimos trinta e cinco anos.

A desregulamentação é questão política e como tal foi (e é) propugnada. Parte da premissa que existe uma forma ótima de produção de bens e serviços, e essa forma ótima é determinada no jogo de mercado, independente de condições chamadas de distorções. Essas distorções são as condições que negam as premissas dos modelos que justificam o capitalismo: poder monopolístico na produção ou nas compras de mercadorias, "externalidades" - que são ganhos ou perdas por pessoas ou grupos que não entram no cálculo econômico, entre outras provenientes da concentração "excessiva" de poder econômico, cultural e político.  

Dentro do quadro do capitalismo financeiro global atual, a desregulamentação traz como corolário o domínio ainda maior dos critérios ligados à minimização dos custos, em que poder de monopólio e externalidades são aplicados livremente em detrimento das parcelas menos poderosas da sociedade - e, naturalmente ainda mais sobre o meio ambiente como habitat dos seres vivos que o constituem. As chamadas forças de mercado não se ocupam desses interesses contrariados, antes ocupam-se, ao ocupar as instâncias do poder político, em reforçar ainda mais as condições que ensejam seu domínio.

Assim,a regulamentação por parte do Estado tem-se enfraquecido mais ou menos por toda parte, e a tendência no momento é de um enfraquecimento ainda maior. Qual deve ser o prisma do analista ao examinar possibilidades tecnológicas caso ele passe a adotar objetivos que transcendam o âmbito da empresa e de seus interesses pecuniários, para passar a  fazer predominar a consideração dos impactos ambiental locais e globais na produção de materiais? E qual deve ser o prisma do produtor de bens manufaturados, que exigem esses materiais? 

Do ponto de vista do empreendedor privado, não existe interesse em atender demandas ambientais relativas a consumo de energia ou seus efeitos, e portanto quem tome decisões mais "conscientes" dentro da empresa é candidato a no mínimo um remanejamento. A implementação de novas formas de regulamentação ou mesmo a alteração do sistema de preços por taxas e subsídios com o objetivo de introduzir o fator ambiental no cálculo parece inviável no atual cenário político, em que "intervenções" do estado, e intromissões de entidades de fora do sistema de lucro - como movimentos sociais e ONGs - encontram uma barreira metodológica e ideológica quase intransponível. No máximo pressões podem ser exercidas sobre empresas individuais, ou subsetores da economia que só serão eficazes se ensejarem para estes novas oportunidades de negócios, sem afetar (negativamente) suas margens de lucro. 

Assim, o engenheiro de materiais de uma empresa que produz esses materiais ou que compra os mesmos tem um escopo limitado ao curto prazo e aos interesses dos acionistas. Proposição de mudanças radicais nos processos de produção e na especificação de materiais é atividade que pertence a outro âmbito: órgãos governamentais de planejamento estratégico e a academia, desde que estes também não sejam dominados pela lógica dos resultados econômicos privados.











NOVA CANALHICE DO ESTADÃO

De Miguel do Rosário, no O Cafezinho

PT lava dinheiro do PCC?

Olha só que capa deliciosa do Estadão desta quarta-feira!
Empresas e deputado do PT são suspeitos de lavar dinheiro do PCC.
PCC = Partido de Comando da Capital, a principal organização criminosa de São Paulo, quiçá do país.
“Empresas e deputado do PT”.
O jogo de palavras faz com que o leitor pense que o jornal se refere a “empresas do PT”.
Não são, obviamente. São empresas de ônibus, sem nenhuma ligação com o PT.
O tal “deputado do PT” é Luiz Moura, já licenciado. Não há ainda nenhuma prova contra ele. A matéria fala apenas que ele é “citado” num inquérito do Ministério Público Estadual de SP que investiga lavagem de dinheiro do crime organizado.
Luiz Moura é deputado, não é banqueiro nem empresário. Quem lava dinheiro é banqueiro ou empresário.
A baixaria atingiu o ápice. Perdeu-se completamente as estribeiras.
Quando um helicóptero com meia tonelada de pó, pertencente a um aliado de Aécio Neves, é apreendido no Espírito Santo, a notícia sequer constou na capa dos jornais.
Não houve nenhuma investigação jornalística. Nada.
Em 2005, a Polícia Federal prendeu um ex-deputado e ex-candidato a prefeito do PSDB, Misilvan Chavier dos Santos, também com meia tonelada de pó. Procure no Google, quase não há mais referências ao fato em sites da grande imprensa. No Terra, o título é apenas “candidato do Tocantins”.
Esta é a imprensa brasileira.
ScreenHunter_4390 Jul. 30 11.45
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2014/07/30/pt-lava-dinheiro-do-pcc/#sthash.j0LFEEr1.dpuf

A GUERRA POLÍTICA DO "MERCADO"

Muito bem colocado por Bob Fernandes, no Viomundo

Bob Fernandes: “Mercado” que quebrou o mundo toca terror; em capa sombria, O Globo diz que bancos temem Dilma

publicado em 30 de julho de 2014 às 17:39
capadoglobo
Capa de O Globo: “Instituições financeiras já temem sofrer represálias do Planalto”
“As instituições temem sofrer retaliações do governo, segundo analistas”, diz o jornal carioca sem identificá-los.
O economista chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, chamou a reação do PT (Nota do Viomundo: À análise do Santander] de “postura bolivariana” e disse que a credibilidade do governo já está em baixa por causa de indicadores ruins da economia.
Enquanto isso, diz o jornal nas sub-manchetes:
FMI diz que economia é vulnerável
Inflação muda hábito de consumidores
Confiança da indústria cai pela sétima vez
Juro para pessoa física sobe de novo
Leiam agora a análise de Bob Fernandes sobre terrorismo econômico:
Em 29/07/2014
O “mercado”, que toca o terror na eleição, quebrou o mundo
por Bob Fernandes, em seu blog
O “mercado” não quer Dilma. Isso está nas manchetes há dias, semanas. A Bolsa sobe ou cai a depender de pesquisas que mostram Dilma em baixa ou em alta. E não só pelos erros do governo Dilma.
Em 2002, em pleno governo Fernando Henrique, o “mercado” fez terror com a hipótese da vitória de Lula. Qual foi o resultado daquele terror todo? Basta conferir num site de buscas.
O governo Fernando Henrique terminou melancólico, com dólar a quase R$ 4, risco-país acima de 4 mil pontos, e inflação de 12, 53% ao ano.
Sobre qualquer assunto que tenha algo a ver com economia, largos setores da mídia dão voz preferencial e, a depender da mídia muitas vezes única, a “especialistas” do “mercado”. O que é o tal “mercado”? É o sistema de bancos e demais instituições financeiras.
Assim sendo, vale lembrar os custos da crise criada no e pelo “mercado” e que explodiu em 2008. Mark Anderson, ex-chefe da Standart and Poor’s, o homem que rebaixou a nota de crédito dos EUA, diz que o custo final da crise mundial é de US$ 15 trilhões.
Estima-se que hoje o chamado “mercado de derivativos” seria de US$ 1,2 quatrilhão. Isso é 20 vezes todo o PIB do mundo. Ou seja, é só ficção. É “dinheiro” de mentira. Isso existe apenas como alavanca para quem pilota o tal “mercado” acumular ainda mais fortuna. Com grandes riscos para o próprio sistema financeiro.
Nem se diga para os demais pobres mortais. Relatório da ONG britânica Oxfam informa: 85 pessoas das 7 bilhões e 200 milhões da Terra têm patrimônio igual à metade da população do mundo. O 1% mais rico do mundo tem US$ 110 trilhões. O que é 65 vezes mais do que tudo que tem metade da população mundial.
No Brasil, apenas 4 dos bancos tiveram lucro líquido de R$ 50 bilhões em 2013. Isso é mais do que a soma do PIB de 83 países no mesmo ano passado. Isso é o tal “mercado”. O resto é conversa mole e disputa pelo Poder.
Leia também:
Sindipetro rebate ” denúncia caluniosa” de diário direitista

quarta-feira, 30 de julho de 2014

PEPE ESCOBAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE ISRAEL E A RÚSSIA


Saiu no Asia Times Online. Alguns pontos a lembrar são:

A Ucrânia é um país quebrado economicamente. Não tem como pagar o gás que importa da Rússia, com a qual acumulou uma grande dívida. Propõe-se a ser mais uma base da NATO contra a Rússia. O governo eleito em condições no mínimo de grande insegurança, é uma continuidade do grupo que fez o golpe no começo deste ano, e conta com a participação de forças fascistas, que desde seu início tem perseguido a minoria de fala russa.

Israel baseia-se desde seu início na espoliação dos não judeus da Palestina, e seu massacre sempre que há resistência, com o apoio automático e incondicional do governo dos Estados Unidos, e dos países da União Europeia, quando esse governo assim ordena. Os palestinos em Gaza vivem há vários anos como em um campo de concentração: cercados de todos os lados, agora também pela ditadura militar egípcia (esta também apoiada pelos EEUU), sem poder sustentar-se, suas crianças desnutridas, e ultimamente Israel tinha impedido os funcionários públicos de receber seus salários. O início de lançamento de foguetes lembra o levante do Gueto de Varsóvia contra os nazistas na segunda guerra mundial. Militarmente sem sentido, mostrando o desespero de quem não tem mais alternativas antes de sua aniquilação, mais lenta ou mais acelerada.

Por cima disso tudo, a guerra da informação, travada pela mídia da auto-denominada "comunidade internacional" e pelos fascistas da internet. O complexo militar estadunidense, depois de uma série de guerras locais, parece namorar com a ideia de guerras maiores contra a Rússia,contra a China e contra qualquer um dos BRICS que se coloque no caminho (lembrar a quarta frota, a base aérea na Colômbia e a tentativa de outra no Paraguai). Veja agora o artigo:


THE ROVING EYE
Crime (Israel) and punishment (Russia)
By Pepe Escobar 

The horrible thing about the Two Minutes Hate was not that one was obliged to act a part, but that it was impossible to avoid joining it ...

A hideous ecstasy of fear and vindictiveness, a desire to kill, to torture, to smash faces in with a sledgehammer, seemed to flow through the whole group of people like an electric current, turning one even against one's will into a grimacing, screaming lunatic
 -George Orwell1984 

So Obama, Merkel, Cameron, Hollande and Italian Premier Matteo Renzi - let's call them the Fab Five - get on a video conference call to muster their courage and "increase pressure" asking for a cease-fire in Gaza. Later in the day, Israel's Benjamin "Bibi" Netanyahu delivers his answer, in plain language: he remains dead set on achieving his version of a Final Solution to Gaza. [1] With or without "pressure". 

So what's left for the Fab Five after having their illustrious Western collective behinds solemnly kicked? They decide to dump Gaza and instead sanction Russia - again! How brilliant is that as an exit strategy? 

Spectacular non-entity Tony Blinken, who doubles as deputy national security adviser to Barack Obama, was keen to stress to Western corporate media that the unruly Eurotrash mob is now "determined to act". No, not against Israel because of Gaza; against Russia because of Ukraine. Such a lovely Orwellian symmetry: the extended Two Minutes Hate from Israel towards Gazans morphs into the extended Two Minutes Hate from the "West" towards Russia, mirroring the extended Two Minutes Hate from Kiev towards Eastern Ukrainians. 

Not even Hollywood could come up with such a plot; Israel gets away with unlawful premeditated mass murder of civilians, while Russia gets framed for a (smaller-scale) airborne mass murder of civilians that has all the makings of being set up by the Kiev vassals of Russia's Western "partners". 

Here I have exposed how sanctions, sanctions, sanctions is the one and only official Obama administration "policy" on Russia. On top of the next European Union sanctions, coming soon, the US will be piling up - what else - more sanctions. After all, Washington is so "concerned" that Moscow will sooner or later invade Ukraine; that would certainly, and finally, answer all those In God We Trust prayers. 

Where we stand now
Let's follow the facts. Washington from the get-go said it was Russian President Vladimir Putin's missile that downed MH17. They swore they had evidence. Like in "We know. Trust us". The historical record for the past 60 years at least shows they cannot be trusted. There was never any evidence. Just spin. 

Moscow, via the Defense Ministry, presented hard evidence. And called for an unbiased international investigation. Washington ignored it all - the call and the hard evidence. 

The US Navy, crammed with state-of-the-art missile defense radars, has been in the Black Sea for weeks now. As much as the Russians, they have tracked every particle flying over Ukraine. The NSA goes for signals intelligence; the National Geospatial-Intelligence Agency goes for phenomena in the imagery realm; the Defense Intelligence Agency adds Humint; there's the CIA; and there's the all-seeing, all-knowing Director of National Intelligence. How come all this trillion-dollar Full Spectrum Dominance apparatus cannot come up with a single, conclusive piece of evidence? 

The only risible "evidence" presented so far pictures the acronym salad of US intel agencies spending their time reading blogs and Twittering. As in the State Department head in Kiev twittering satellite imagery that the New York Times parroted "proved" Russia is shelling Ukraine from across the border. The proverbial "senior US officials" even had to tersely admit on the record they have no proof whatsoever about "Putin's missile". If they had, NATO would be ready to flip burgers in Red Square. 

Based on the wealth of info now in the open, the top probability of what caused the MH17 tragedy was an R-60M air-to-air missile shot from a Ukrainian Su-25 - and not a BUK (there's also the possibility of a double down; first an R-60M and then a BUK). The R-60M is very fast, with an ideal engagement distance of up to five kilometers. That's how far the Su-25 detected by the Russians (they showed the graphics) was from MH17. 

SBU - Ukrainian intel - for its part confiscated the recordings of Kiev control tower talking to MH17. That would certainly explain why MH17 was overflying a war zone (Malaysian Airlines revealed they were forced to). Hefty bets can be made the recordings are now being "doctored". 

Then there are the black boxes, which will not de decoded by the Malaysians or by the Dutch, but by the Brits - acting under Washington's orders. As The Saker blogger summed up the view of top Russian specialists, "the Brits will now let the NSA falsify the data and that falsification will be coordinated with the SBU in Kiev which will eventually release the recordings who will fully 'confirm' the 'authenticity' of the NSA-doctored recordings from the UK." To make it more palatable, and erase suspicions about Anglo-American foul play, the Dutch will announce it. Everyone should be forewarned. 

NATO heads, for their part, are droolin'. Kiev's forces/militias will hold "joint exercises" with the North Atlantic Treaty Organization in Ukraine in slightly over a month from now, on September 1; red alert applies, because this is when Ukrainian President Petro Poroshenko said the slow motion ethnic cleansing of Donbass will be finished. 

As for the R2P ("responsibility to protect") angle, it sounds quite improbable. True, Moscow can always say that unless the slow motion ethnic cleansing of Donbass stops they will recognize the Donetsk and Luhansk Republics. In that case, Moscow would be replaying Abkhazia and South Ossetia; a de facto R2P backed by military muscle. 

Under international law - which Washington never respects, by the way - this is not the same as "invading" Ukraine. The frankly scary Samantha Power, the US Ambassador to the United Nations, would obviously freak out - but that's a dose of her own medicine. It would indeed be comparable to what the Americans are doing to the benefit of those Salafi-jihadis in Syria; and better yet, to what the US did in Kosovo. 

The $50billion vultures
And now, on top of sanctions, Moscow also has to contend with a massive US$50 billion theft attempt. The International Arbitration Court in The Hague found that the Kremlin's pursuit of Yukos and its main shareholder, Mikhail Khodorkovsky, a decade ago was politically motivated. Moscow can't appeal - but it will pursue all legal avenues for trying to get this ruling "set aside". 

Well, it's The Hague's decision itself that is political. Khodorkovsky was found guilty not only by the Russian judicial system but also by the European Court of Human Rights. Yukos and Menotep shareholders were and remain a bunch of oligarch gangsters - to put it mildly. 

So here's the Empire of Chaos once again in action, manipulating a Dutch court after literally stealing Germany's gold and fining France for selling warships to Russia. In this case though, the "West" has more investments in Russia than the Russian government in the West. Payback could be a bitch - as in Moscow, for instance, freezing all US and EU energy investments especially in the new ultra-profitable frontier, the Arctic oil fields. Western Big Oil will never allow this to happen. 

This could go on forever. The bottom line: the Russian state simply won't allow itself to be robbed by a dodgy ruling on behalf of a bunch of oligarchs. In parallel, a case can be made that not only the Return of the Living (Neo-Con) Dead but also substantial sections of the deep state in Washington DC and environs - as well as "Western" plutocracy - want to provoke some sort of NATO war against Russia, sooner rather than later. 

And in another parallel line, Moscow rumor has it that the Kremlin finds this protracted post-Yukos battle just an afterthought compared to the economic war about to convulse Europe and eventually pit Europe against Russia: exactly what the Empire of Chaos is praying - and working - for. "Two Minute" Hate? Talk about hours, days, weeks, and years. 

Note:
1. Netanyahu: We're prepared for an extended operation in Gaza, The Jerusalem Post, July 28, 2014.


Pepe Escobar is the author of Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War (Nimble Books, 2007), Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge (Nimble Books, 2007), and Obama does Globalistan (Nimble Books, 2009).

He may be reached at pepeasia@yahoo.com.
 

terça-feira, 29 de julho de 2014

SANTANDER E A APOSTA CONTRA O BRASIL

O Santander é um banco espanhol, que aproveitou a onda de privatizações dos governos tucanos para comprar bancos antes nacionais, como o Banespa e o Real (que já ha via sido desnacionalizado). A antiga Caja de Ahorro de los Gitanos de Santander se beneficiou, como a Telefónica, com o dinheiro que a União Europeia deu para a Espanha modernizar sua infraestrutura, mas foi usado em vez disso para tratar de recolonizar a América Latina com a compra de empresas privatizadas sob a orientação do FMI. No caso da Telefónica, para ser a campeã absoluta de reclamações no Procon.

Desnacionalização dá em coisas como essas. Veja o relato do repórter Joaquim de Carvalho, que saiu no Diário do Centro do Mundo. Eu mesmo fui pressionado a investir em um fundo de ações de empresas apenas estrangeiras, excluindo as brasileiras. Por que no se ván?


O Santander, a especulação e eu



Postado em 28 jul 2014
santander

Há duas semanas, recebi uma ligação da sala de ações do Santander. O corretor insistia para que eu vendesse uma aplicação que tenho em ações da Petrobras. Com os papéis em alta, ele argumentava que era hora de vender. Como tenho também ações da Vale, igualmente em alta, argumentei que, por essa lógica, era melhor vender também estas.
Aí ele disse que era diferente. A Petrobras, segundo relatório a que ele disse ter tido acesso, estaria em dificuldades e a perspectiva para os próximos meses seria de queda na produção de petróleo.
Achei estranho e decidi que era melhor continuar com as ações da Petrobras e também da Vale. Minhas aplicações são bem modestas (é a minha poupança), e imagino que, para se lembrar de mim, o corretor deve antes ter feito o mesmo com clientes de maior expressão. Quando recebi o telefonema do funcionário do Santander, a ação estava em torno de R$ 19,00. Hoje, passa de R$ 20,00.
Imagino que outros aplicadores devem ter tomado a mesma decisão que a minha porque, se tivesse havido um grande movimento de venda dos papéis da Petrobras, como sugeria o corretor, o preço teria despencado. Escrevo este artigo porque penso que a orientação de venda de ações da Petrobras por parte do corretor está alinhada à carta que o Santander mandou aos clientes alertando para o risco de deterioração econômica no caso da reeleição de Dilma Rousseff.
Tanto no caso da carta quanto no da Petrobras, houve uma tentativa de manipulação de mercado, com repercussões políticas. Como repórter, não tenho interesse de defender nenhum governo. Meu trabalho é contar o que se passa. Também não é usual que eu me inclua nessas histórias. Mas, neste caso, o depoimento pessoal se torna imprescindível para entender um período relevante da história do nosso país.
Sobre o Autor
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br

segunda-feira, 28 de julho de 2014

MAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE ISRAEL E OS PALESTINOS

Por Paulo Moreira Leite: sobre como o rabo israelense balança o cachorro estadunidense.

DISPARATE ISRAELENSE

Ao dizer que Brasil é "anão diplomático" porta-voz de Israel esconde papel brasileiro na fundação de seu Estado


A reação de um porta-voz da chancelaria do governo de Benjamin Netanyaou à notas de repúdio do governo brasileiro diante do massacre de Gaza reflete uma reação insolente, pela diplomacia, e absurda, do ponto de vista histórico.
 Definir o Brasil – e qualquer outro país – como “anão diplomático” é um gesto mal educado em qualquer caso mas puro delírio nas relações entre Israel e Brasil.
 Isso porque  a delegação brasileira presente a Conferência da ONU em San Francisco, em 1948, teve um papel importante na decisão que permitiu a partilha da Palestina,  medida que deu origem ao Estado Judeu.
 Vamos recapitular o que houve. Encarregado de presidir a sessão da ONU, entidade então em seus rascunhos,  o antigo chanceler Oswaldo Aranha, um dos homens fortes durante a maior parte do governo Vargas, foi a San Francisco como chefe da delegação brasileira. Estávamos no governo de Eurico Dutra, bastante alinhado com os Estados Unidos. 
Em San Francisco, Aranha fez um levantamento prévio das preferências entre os países presentes. Descobriu que a partilha da Palestina, que o Brasil apoiava, não  reunia o mínimo de 2/3 de votos necessários para ser aprovada. Atuando em sua própria lógica, os soviéticos de Josef Stalin apoiavam Israel porque ajudava a prejudicar os ingleses. Os norte-americanos tinham alguma simpatia pela ideia, mas não podiam assumir um alinhamento aberto. Aranha fez, então, uma pequena manobra diplomática.
Adiou a decisão, dando tempo para que os aliados de Israel conquistassem os votos necessários. Foi assim que os israelenses venceram e a ideia de instalar um Estado de fora para dentro  numa terra habitada, há pelo menos dois mil anos, por uma população árabe, foi aprovada.  A noção de dar uma terra sem povo para um povo sem terra, uma das frases mais absurdas  do marketing político mundial – mesmo com a imigração massiva promovida por entidades sionistas nas décadas anteriores a demografia do lugar apresentava dois árabes para cada judeu – ganhou legitimidade internacional.  O prestígio de Oswaldo Aranha entre a comunidade israelense tornou-se gigantesco, a ponto de seu nome virar nome de rua em Tel Aviv. 
Pesquisas nos arquivos do Itamaraty vieram a demonstrar, décadas depois, que no final da década de 1930 Aranha foi um dos responsáveis pela postura anti-judeus da política de imigração que o governo brasileiro assumiu durante a maior parte da Segunda Guerra. Ainda que na prática tenha ocorrido – por vias legais e também pelo contrabando – uma imigração judaica muito maior do que os textos escritos sugerem,  não faltam ordens e resoluções assinadas por Aranha que envergonham quem as lê. Mesmo considerando que refletem um mundo no qual noções de hierarquia racial faziam parte da ideologia vigente, são inaceitáveis.    
Mas, em 1948, ele assumiu outra postura, viabilizando um projeto que o movimento sionista buscava desde 1897. Ao contrário do que disse o porta-voz do governo de Israel, que chegou a lembrar a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa!,   foi, do ponto de vista israelense, um gesto de gigante.
A reação disparatada, 66 anos depois, só não é estranha porque faz parte do comportamento dos governantes israelenses há muito tempo. Ajuda, no plano externo, a evitar a discussão que interessa: a necessidade de interromper um novo ataque brutal a população palestina, massacrada numa região de onde não pode sequer escapar. A nota do governo brasileiro lembra, corretamente, os direitos da população palestina, atacada cotidianamente.  
Também  ajuda a estimular o nacionalismo judaico, um elemento importante na política israelense desde sempre.
Já em 1949, o drama dos refugiados palestinos – milhares foram retirados e expulsos de suas casas e conduzidos até a fronteira  – tornou-se um assunto da diplomacia internacional.
 Interessado em encontrar uma saída negociada, o  governo do presidente americano Harry Truman mostrou-se decepcionado com a postura de Israel, que não exibia a menor disposição de encontrar uma saída satisfatória para a situação. Fazendo uma analogia dramática, mas que seria usada com frequência pelos críticos e adversários de Israel nos anos seguintes, Truman usou um emissário para informar Ben Gurion, ministro da Defesa de Israel e seu patrono, para registrar uma mudança em sua visão do problema naquela região que ia muito além de uma simples querela diplomática. Truman mandou dizer que  “agora estava inclinado a apoiar os árabes, da mesma forma que anteriormente havia suportado a causa sionista porque tinha simpatia com com os refugiados judeus, sobreviventes do Holocausto.”  (“1949 – the first israelis,” de Tom Segev, página 35 e seguintes).  
O mesmo Tom Segev, historiador registra a reação de Ben Gurion a mensagem do presidente dos EUA.  Em seu diário, Ben Gurion sustenta que Israel foi criado por conta própria e não deve satisfação a ninguém – nem a aliados internacionais, nem a ONU. “O Estado de Israel não foi estabelecido como consequência da resolução da ONU,” escreve ele. Mais adiante: “a América não levantou um dedo para nos salvar...” Ainda: “não existem refugiados – mas combatentes que querem nos destruir (...) nos exterminar uma segunda vez.” E ainda: “nossa autopreservação é mais importante para nós do que a obediência” aos Estados Unidos.
 O que se construiu, ao longo dos anos seguintes, foi uma visão mitológica de Israel, avalia o estudioso Geoffrey Wheatcroft, no livro “The Controversy of Zion.” Analisando um histórico que envolveu várias formas de perseguição, como progroms na antiga Russia, sem falar no Holocausto, Wheatcroft lembra que “é claro que Israel deu aos judeus um novo sentido de orgulho e auto-respeito.” Mas adverte: “sem apoio do Ocidente, Israel não poderia sobreviver.”  Investigando essa contradição, Wheatcroft lembra duas questões. Se o nacionalismo judaico ajudou a emancipar os judeus como homens “donos de seu destino”, a criação de Israel se fez na “dependência e generosidade” norte-americana, situação que ajuda a compreender traços que define como  “paranoicos” no discurso  político israelense.
Há um aspecto curioso nessa dependência em relação aos Estados Unidos, contudo. Envolve uma ajuda militar entre 3 e 5 bilhões de dólares por ano mas não pode ser descrita como uma clássica relação do tipo metrópole-colonia. Os interesses israelenses tem uma presença descomunal na política interna norte-americana.
 Desde a guerra pelo Canal de Suez, em 1957, quando mostrou sua importância para enfrentar a resistência dos países árabes, Israel tornou-se a nação amiga dos países ocidentais numa região hostil a exploração imperial do petróleo. Este é seu papel e sua função geopolítica. Mas, se Harry Trumann já havia encontrado problemas com a política de Israel em relação aos vizinhos, o republicano Dwight Einsenhower também encontrou os seus. Explorando a divisão de poderes, lobistas israelenses fizeram uma fortaleza no Congresso americano, graças a um sistema político favorável a intervenção de grandes interesses. Não só não há limites para contribuições privadas em eleições. Também não há verbas públicas para o funcionamento de gabinetes dos parlamentares, que dependem, assim, de amizades endinheiradas para pagar assessores – oferecidos pelas grandes empresas – para tocar boa parte de seus gabinetes. O saldo é que os lobistas de Israel tem a maior organização de Washington, e só perdem para a NRA, a associação dos fabricantes de armas. Embora a população judia dos Estados Unidos represente pouco mais de 2,2% da população, seus lobistas têm  50 milhões de dólares por ano para gastar. Na década passada, venceram por 60 a 0 uma disputa no Senado. Conforme um levantamento da insuspeita revista Economist, sua única derrota relevante ocorreu na década de 1950. Naquela época, o secretário John Foster Dulles, chegou a dizer, ironicamente, que não se considerava inimigo dos judeus  “mas não podemos ter nossas políticas feitas em Jerusalém.”
 A historiadora brasileira Arlene Clemesha já registrou que os Estados Unidos usaram seu poder de veto mais de 40 vezes para impedir a aprovação de resoluções desfavoráveis a Israel no Conselho de Segurança da ONU. Ela lembra:
“Por que duvidar que a manutenção do conflito israelo-palestino não seja do interesse dos Estados Unidos? Lobistas em Washington pouco poder teriam se suas posições não estivessem em frequente acordo com interesses dos sucessivos governos norte-americanos.”

Esta é a questão. Falar em anões é só um disfarce.