segunda-feira, 12 de maio de 2014

ELES DO LADO DE LÁ, NÓS DO LADO DE CÁ

Texto bem direto do Miro Borges, em seu Blog. O que esses empresários do Valor querem eles não dizem claramente. É preciso ler nas entrelinhas: precarização do trabalho, baixando salários, subida dos juros para garantir rendimentos parasitários sobre a parte real da economia. Se houver entre esses empresários industriais e comerciais gente que vende para além das butiques de gente rica, de todo modo, eles estão namorando com políticas que podem ser um tiro no pé. Sem salários, sem segurança nos empregos, quem vai comprar os produtos deles?


Os empresários amam Aécio Neves

Por Altamiro Borges

Ricaços do Brasil, uni-vos – e de quebra atraiam os otários da classe “mérdia” para apoiar Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. É isto que se conclui da pesquisa realizada na semana passada pelo Valor – um consórcio midiático das famiglias Marinho e Frias. Durante a entrega do prêmio “Executivo de Valor”, o jornal ouviu 103 executivos das principais corporações empresariais do país. A pesquisa confirmou que os patrões já escolheram o seu candidato para as eleições de 2014. Aécio Neves teve 72 votos, contra 17 de Eduardo Campos e apenas três de Dilma Rousseff. A adesão ao tucano foi de 70%. “A presidente colhe os frutos do seu pouco diálogo com a classe empresarial”, concluiu o jornal Valor.

É uma baita injustiça dos ambiciosos e avarentos ricaços. Não dá para dizer que os governos Lula e Dilma prejudicaram as grandes empresas nos últimos 12 anos. Pelo contrário. Com o crescimento da economia, apesar da crise do capitalismo mundial, os empresários elevaram seus lucros e patrimônio. Os bancos nunca ganharam tanto dinheiro na história do país. O número de bilionários brasileiros da revista Forbes cresceu. O consumo de jatinhos e iates bate recorde. A elite gasta fortunas nos passeios a Miami e a outros paraísos do consumo. Mesmo assim, os ricaços querem mais, muito mais. Eles criticam o “intervencionismo” da presidenta Dilma e exige total liberdade para o “deus mercado”.

O tucano Aécio Neves é quem mais corresponde a tais expectativas dos empresários. Ele já prometeu adotar “medidas impopulares” para saciar o apetite dos ricaços. Apesar das juras de amor eleitoreiras ao programa Bolsa Família e à política de valorização do salário mínimo, o PSDB nunca negou que rejeita estas iniciativas “populistas”. Armínio Fraga, herói dos rentistas cotado para ser o homem forte de um futuro governo tucano, já disse que o salário mínimo e o emprego em alta prejudicam a economia, atrofiam os negócios empresariais. Aécio Neves volta a endeusar FHC, rejeitado pelos três últimos presidenciáveis do PSDB, e defende suas ideias de privatização e de maior desregulamentação da economia.

O próprio jornal Valor, em editorial publicado na quarta-feira (7), argumentou que “os empresários têm agenda pragmática para o governo”. Eles têm como prioridades “aumentar a competitividade do país, o que passa por ampliar a produtividade”. Eles criticam o aumento do salário acima da inflação e defendem as reformas trabalhista – que retire direitos históricos dos trabalhadores – e tributária – que reduza impostos das elites. Eles também pregam ajustes na política monetária, fiscal e cambial, todas visando ampliar os lucros dos ricaços. E ainda falam em educação de qualidade e outras baboseiras, para tornar o discurso patronal um pouco mais palatável. Isto explica os 70% de preferência por Aécio Neves!

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