sexta-feira, 16 de maio de 2014

ÁGUA: A GANBIARRA DO GOVERNO TUCANO DE SÃO PAULO

Fui apresentado a Geraldo Alckmin no início do governo de Mário Covas, quando este, traindo compromisso firmado com a esquerda nomeou aquele como coordenador do plano de "desestatização" paulista. Melífluo, soltando elogios a membros da comissão de sindicalistas e parlamentares de esquerda que fora tratar com ele a fim de limitar os danos do processo de privatização já em curso. Só mais tarde soube de outras "qualidades" de Alckmin: sua proximidade com a Opus Dei, organização católica ligada ao fascismo espanhol, o massacre da estrada Castelinho, a política de dar força aos segmentos violentos da Polícia Militar. 

Em todas essas questões, contou sempre com a cobertura dos jornais O Estado de S Paulo, Folha de São Paulo, as revistas Veja, Época, as redes da Globo e assemelhadas como a SBT e a Bandeirantes, que esconde seus malfeitos e ataca a oposição quando não dá para ocultar os desmandos dos governos tucanos em São Paulo. 

Muita gente de classe média, bem pensante, movimenta-se para procurar mudar hábitos de consumo de água. Embora úteis para melhorar a auto-imagem das pessoas, para os anos difíceis que nós habitantes destas partes teremos que enfrentar, e também certamente para o futuro, essas mudanças possíveis não influirão muito sobre o que acontecerá em curto e médio prazo nos lares afetados. Esses esforços funcionam no momento atual como uma distração, impedindo que as pessoas se preparem para as carências que aí vêm, o racionamento que a SABESP já começa a aplicar de forma dissimulada. 

Abaixo, uma entrevista esclarecedora da situação atual do abastecimento de água na Grande São Paulo e na bacia do Capivari - Piracicaba, que inclui toda a região de Campinas e proximidades, à revista Fórum.



Especialista alerta para riscos do uso do volume morto da Cantareira


Por Redaçãomaio 15, 2014 16:34 ATUALIZADO
Especialista alerta para riscos do uso do volume morto da Cantareira

Segundo bióloga Silvia Regina Gobbo, a extração da reserva técnica do sistema pode ser insuficiente e não se pensou ainda em um “Plano C”
Por Igor Carvalho, no SPressoSP
Começou, nesta quinta-feira (15), a retirada da água  da reserva técnica do sistema Cantareira, o chamado volume morto. A bióloga e professora da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Silvia Regina Gobbo, alerta que já vivemos uma “calamidade pública” e que há consequências ao utilizar esse recurso, principalmente para a região do Comitê das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) .
A medida, considerada extrema por especialistas, deve garantir, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp),  abastecimento até outubro. Porém, Silvia Regina afirma que a evaporação da água pode reduzir esse período de validade do volume morto. “Temos outro risco que é a possibilidade de se acabar antes do previsto, se isso acontecer, qual o plano C? Não vi ninguém ainda falando disso. Se entrarmos, ainda mais, num estado de calamidade, como resolver?”, pergunta a bióloga.
O Ministério Público Estadual, através do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), vai exigir que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Vigilância Sanitária Estadual monitorem de forma contínua a qualidade da água.
Confira trechos da entrevista com a bióloga da Unimep, Silvia Regina Gobbo.
Utilização de volume morto 
Não há, no momento, outra opção. Isso é importante deixar claro. Como não houve um planejamento e estamos no segundo ano de escassez de chuva, não há medidas alternativas. Nos últimos dez anos, o sistema Cantareira quase nunca esteve acima de 60% da sua capacidade, mas isso não é uma novidade. Em 2004, quando houve a renovação da outorga, ali foi condicionado que a Sabesp investisse em captação de água de outros pontos, porque já se sabia que chegaríamos a esse ponto. São 8 milhões de pessoas em São Paulo e mais 5 milhões na PCJ (Comitê das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) dependentes desse sistema.
Vida útil do volume morto
Somente agora a Sabesp fala de buscar águas em outras fontes. O que estamos vendo agora não é um racionamento, é um estado de calamidade pública. O volume morto vai me dar quantos meses de sossego? A Sabesp fala em vida do volume morto até outubro, a USP até setembro. Se pensarmos que o período de chuva começa em novembro, vamos ter um período de crise aí.
Racionamento
O racionamento talvez tivesse sido uma medida interessante, porque ele nos daria uma sobrevida, mas esse racionamento teria que ter começado antes, novembro ou dezembro de 2013. Já temos registros de que há racionamento nas cidades, mas o governo não admite e não tem condições de armazenar os recursos. Ficamos dependendo da torcida pela chuva. Porém, já é possível saber, com a utilização da climatologia, que esse ano será de escassez de chuva.
Consequências da extração
Não temos opções, vamos usar esse recurso de extrair água do volume morto, mas há consequências. A primeira é a consequência é ambiental. Ao esgotar o sistema Cantareira, eu tenho um problema com o rio Piracicaba, que vai perder um volume importante de água. Para abastecer São Paulo, que é o maior PIB do país, nós, no interior, estamos sofrendo uma crise hídrica. Existe, lógico, uma solidariedade entre as bacias, mas não se pode tirar a carne de um para ir para o outro. Você não pode favorecer uma região em detrimento de outra. Algumas cidades, como Jundiaí, captam água direto do rio Piracicaba.
Há, ainda, o risco de morte de toda forma de vida aquática no rio Piracicaba, eliminando a possibilidade de abastecimento da região do PCJ. Produtores rurais e indústrias que se utilizam da água do Piracicaba para o processo produtivo e irrigação terão problemas graves para dar continuidade a suas atividades.
Temos outro risco que é a possibilidade de se acabar antes do previsto, se isso acontecer, qual o plano C? Não vi ninguém ainda falando disso. Se entrarmos, ainda mais, num estado de calamidade, como resolver? Volume morto evapora, ele está no reservatório, se tem sol e calor ele vai evaporar.
A contaminação e os poluentes não vamos ver agora, no momento inicial da exploração, só no final. Por que pode haver um revolvimento do solo no fundo, fazendo com que esses poluentes contaminem a água.
Qualidade da água
Se você fizer uma análise da água agora, vamos observar que a qualidade da água já é similar a que teremos no volume morto. A qualidade do Piracicaba está péssima, hoje o rio acordou com espuma, uma qualidade péssima da água. Na altura de Americana, a água está verde, onde há índices altos de mortandade de peixes.

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