segunda-feira, 17 de março de 2014

E AINDA ISTO, SOBRE A ÁGUA EM SÃO PAULO

Também do Tijolaço.

Se a Folha é de São Paulo, porque abandona os paulistas?

16 de março de 2014 | 17:17 Autor: Fernando Brito
sabesp
A ombudsman da Folha, Suzana Singer, ao final de sua coluna de hoje, diz que,criticamente, que a  Folha dá mais importância ao que acontece lá fora do que ao que se passa no Brasil:
Nas edições de São Paulo, a Folha publicou, até anteontem, apenas cinco parágrafos sobre a terrível cheia que isola várias áreas na região amazônica. Para a crise na Ucrânia, nos mesmos 15 dias, o jornal dedicou 13 páginas. Quem decidiu que paulistano não se interessa pelo que acontece no Norte?
Desculpe, D. Suzana, a Folha faz pior, muito pior.
Esta tratando a crise de abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo como mesmo viés oficialista que oculta dos paulistanos que a cidade está à beira de um colapso gravíssimo em seu abastecimento de água.
O Sistema Cantareira, como um todo, está hoje com 14,8% de sua capacidade e seu núcleo – o reservatório Jaguari-Jacareí,  sem o qual o mecanismo de compensação das outras represas, bem menores, não funciona – está com apenas 9% de água.
Há 30 dias, quando começou a chover outra vez, estes volumes eram 18,4% e 14,5%.  Não é difícil fazer uma continha básica e ver quanto tempo eles ainda resistem. Ontem, entraram 12,37 mil litros por segundo e saíram 30,2 mil litros no mesmo intervalo de tempo.
Note que o sistema, como um todo, baixou menos que o reservatório que contém 82% de seu volume. E isso aconteceu porque as pequenas represas têm de ser mantidas, por razões operacionais, com uma folga maior de seus níveis.
Não houve, sequer, uma matéria mais aprofundada sobre o assunto no jornal. Mesmo hoje, quando a capa do caderno Cotidiano do jornal relata que já existe um “racionamento” não oficial em diversos bairros, sobretudo da periferia – além de Guarulhos, onde o corte na água já foi oficializado – o jornal não vai avaliar a real situação do sistema, não ouve especialistas independentes, não apresenta os dados com detalhas: apenas reproduz o “release” da Sabesp com o decrescente nível de acumulação.
O Governador Geraldo Alckmin aposta na instalação de bombas hidráulicas para arrancar o “volume morto” dos reservatórios – destes e do Atibainha, que tem um profundidade não-útil maior.
Muito bem, onde estão estas bombas? Em que pé está sua instalação? Por quanto tempo elas podem resolver o problema? É mentirosa a história de que há 500 bilhões de litros de água neste “volume morto”. Os reservatórios não podem ter todo seu volume drenado mesmo com o uso de bombas, porque seus valores mínimos de intercomunicação não o permitem. O canal que liga o Jaguari ao Jacareí tem seu fundo apenas 3,8 metros  abaixo da cota mínima operacional: daí em diante o que resta é uma poça, inútil.
E mais: esvaziar, até o “talo” os reservatórios significa que, em algum momento, será necessário que eles encham com uma afluência de chuvas muito além da que sai para recuperar os níveis normais de operação. Mesmo que as chuvas voltem logo à média histórica, isso pode levar anos para acontecer.
Por quantos dias mais a Folha vai poder fingir que este é “um probleminha”?

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