quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A NATUREZA DA POLÍCIA DO GOVERNO ALCKMIN

Este post é de meu amigo Gato

Coisas que a grande imprensa não divulga sobre os movimentos sociais, mas que você precisa saber...

Na última passeata que aconteceu em São Paulo, sábado, dia 22 de fevereiro, contra os gastos exorbitantes da copa do mundo, a polícia militar (PM) de São Paulo resolveu inovar na repressão ao movimento. A criação de um contingente novo na corporação, apelidado de Ninja em função dos conhecimentos de arte marcial que seus integrantes teriam, visava reprimir manifestações sem o uso de armas, mesmo as de menor letalidade. 
Homens altos e fortes, com capacetes, escudos, tonfas e "spray" de pimenta acompanhariam a passeata com o suposto dever de garantir a paz e a própria manifestação de acordo com a lei. Só que não é, e nem foi bem assim, o que de fato aconteceu neste dia. Todo esse "glamour" que a grande imprensa noticiou era só marketing e propaganda governamental...
Nas ruas da cidade, nas rotas próximas ao ponto de onde a manifestação começaria, policiais ameaçavam as pessoas, xingavam, procurando criar medo em quem queria participar. O cenário de terror que aconteceria pouco mais tarde estava começando. Segundo a própria PM, o movimento tinha pouco mais de 1.200 pessoas quando começou. A ideia era afugentar as pessoas, impedindo-as de se manifestarem livremente nas ruas da cidade.
No trajeto, sempre ladeado por colunas de PMs, os participantes gritavam suas falas contra a copa do mundo, por melhorias na saúde pública, educação etc. Não havia nenhum tipo de violência por parte de ninguém, até porque havia famílias, tipo pai, mãe, filhos adolescentes e alguns idosos participando... algo até novo em passeatas assim. 
Num determinado ponto, perto da estação do metrô 9 de Julho, no centro da cidade, os policiais começaram a cercar e a fechar as pessoas, formando uma espécie de chiqueirinho, numa ação conhecida por "chaleira". De forma extremamente violenta, xingando com palavrões, batendo com a tonfa, cassetetes, o escudo, chutando e empurrando, foram encurralando e apertando os participantes nas ruas. Rapidamente, num espaço cada vez menor, todos foram obrigados a sentar. Quem desobedecia, por qualquer razão, apanhava ou era retirado do chiqueirinho rapidamente.
Haviam participantes, jornalistas, pessoas que não estavam na passeata, nada disso era levado em conta. Ficaram presas dentro desta área restrita por um bom tempo, sob chuva, todos sendo ameaçados, assediados, mulheres foram alvos de sexismo, negros de preconceito. Quem se atrevia a reclamar, apanhava e recebia spray de pimenta na cara. Depois de um bom tempo, chegaram alguns micro-ônibus da polícia para levar pessoas que eram escolhidas aleatoriamente.
Nos ônibus, com capacidade para algo em torno de 30 pessoas, havia o dobro. Foram levados para várias delegacias da cidade em função do grande número de detidos, foram mais de 220 participantes. Em algumas delegacias, os advogados foram impedidos de atuar na defesa das pessoas. Houve, numa delas, um advogado que se apresentou como conselheiro da OAB paulista, que ameaçava os advogados impedindo-os de ajudarem os presos.
Um detido teve uma convulsão e os policiais militares resolveram algemá-lo. Uma detida, estudante de medicina, avisou que algemá-lo poderia ser perigoso e agravaria a situação da pessoa. Os PMs mesmo assim resolveram algemá-lo num canto entre dois ônibus, isolando-o para que ficasse longe da qualquer jornalista ou de quem quer que pudesse fazer alguma coisa. Muito tempo depois chegou uma ambulância para atender o rapaz. Aliás, mesmo com muita gente ferida, as ambulâncias demoraram a chegar e quando chegaram atenderam primeiro dois policiais... não se sabe bem porque, visto que não houve violência contra os PMs.
Nos ônibus, apinhados de gente, as pessoas ficaram horas dentro deles, algumas fizeram suas necessidades fisiológicas dentro porque os policiais não permitiram que ninguém saísse. Muitos foram maltratados, humilhados, foram alvos de preconceito e sexismo por parte da polícia militar. Até a meia noite de sábado, pessoas ainda estavam nas delegacias detidas...
E nenhum black bloc foi detido! Só gente que estava na passeata participando pacificamente do movimento contra os gastos da copa do mundo! A PM paulista, mais uma vez, mostrou sua violência gratuita e covarde contra a população desarmada e pacífica. Usando uma tática condenada na maior parte do mundo, por ser considerada um desrespeito aos direitos humanos, da livre manifestação das pessoas, a polícia paulista só reforça a tese de que precisa ser extinta. Sua marca maior é a violência, o constante desrespeito aos mais elementares direitos humanos e dos cidadãos.
Criada pela ditadura civil e militar de 64 como força auxiliar do exército para combater qualquer oposição aos regime ditatorial, as PMs não tiveram e nem tem qualquer orientação de policiar centros urbanos. Seu protocolo é o uso constante da violência, armada de preferência, contra quem for considerado uma ameaça, um bandido ou qualquer pessoa com características preconcebidas de serem meliantes perigosos.
As PMs em todos estados brasileiros, em especial a paulista, além da repressão brutal, tem o hábito de humilhar, maltratar, assediar, usar de preconceito e torturar presos e detidos. Há, também, uma clara disputa entre a PM paulista e a carioca, onde cada uma mostra a outra sua eficiência na repressão. Para os policiais paulistas, o que aconteceu é encarado como sucesso visto ninguém ter morrido ou ficado seriamente ferido. Enquanto que no Rio, aconteceu a infeliz morte do cinegrafista da Band. Há uma sinistra e absurda competição entre as duas PMs... quantos terão de morrer nesta macabra situação?

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