quinta-feira, 12 de setembro de 2013

CUBANOS, MEXICANOS, ESPANHÓIS



Por Bepe Damasco, em seu blog:


Para o saudoso poeta Cazuza, a burguesia fede. E como fede. Não é à toa que o grande Darcy Ribeiro classificou a nossa elite com a mais tacanha e mesquinha do planeta. Mas um odor fétido também exala das convicções escravocratas e xenófobas de boa parte da classe média brasileira. Pois não é que médicos cearenses desse estrato social foram capazes de cobrir o país de vergonha hostilizando médicos cubanos que chegaram ao Brasil para trabalhar exatamente nos locais em que esta geração shopping center se nega a fazê-lo ? Com a alma contaminada pelo veneno inoculado pelos colunistas do PIG, atacaram gente que desembarcou no país para cuidar dos pobres do Brasil profundo.




Mas que nada. Preferem radicalizar nas ofensas e esbanjar falta de educação e egoísmo. Só porque se formaram em medicina (a maioria ou às custas de dinheiro público ou com papai e mamãe pagando) se sentem hóspedes de luxo da Casa Grande. E pau na senzala.


Outra coisa que não pode passar em branco nessa história é o papel destes conselhos de medicina, o federal e os estaduais. Não é admissível que corporações médicas de um país com os graves problemas sociais que ainda temos, com milhões de brasileiros e brasileiras carentes dos mais comezinhos tratamentos de saúde, tenham se transformado em bastiões em defesa de privilégios de casta. Vivem, com o apoio decidido dos barões da mídia, a proferir bravatas, distorcer fatos e mentir sobre a situação da saúde no Brasil.


Quem foi que disse que a vinda de médicos estrangeiros é a panacéia para os graves problemas enfrentados pela saúde no Brasil ? Há um longo caminho a ser percorrido para que o direito a um atendimento digno seja estendido a todos.Falta mais investimento em infraestrutura nos hospitais e postos de saúde. Em muitas unidades faltam equipamentos e até insumos básicos. Dez entre dez estudiosos do assunto apontam o subfinanciamento da área de saúde como seu principal gargalo.


Contudo, os médicos cubanos, mexicanos e espanhóis vêm cuidar de atenção básica em saúde, saber se a pessoa tem verminose, monitorar a pressão, fiscalizar a caderneta de vacinas das crianças, ensinar como se faz e ministra um soro pediátrico, socializar hábitos de higiene como fator decisivo para impedir o aparecimento de doenças e encaminhar para os hospitais quando for o caso. E isso não tem preço para os mais necessitados.


A corporação de jaleco que vaia os cubanos jamais entenderá que médicos de verdade devem cuidar, acolher, aconselhar, ouvir e acariciar. É triste ver o Ministério Público tomando partido a favor dos doutores reacionários brasileiros, em detimento dos interesses do povo. Em vez de enquadrar por preconceito e racismo a tal jornalista do Rio Grande do Norte que disse que as médicas cubanas parecem empregadas domésticas, prefere abrir investigação para apurar a legalidade do Programa Mais Médicos. Vale tudo pelos holofotes. Ainda mais agora depois que a MP 37 foi tratorada pelas manifestações de junho. Por falar em manifestações de junho, aproveito para levantar um cartaz com os seguintes dizeres : " O Ministério Público não me representa". Não mesmo.

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