sábado, 3 de agosto de 2013

MASCARADOS II

Em post anterior, escrevi minha convicção de que se tratava de gente contratada a serviço da direita. Essa avaliação se choca em parte com testemunhos sobre os black blocs e outros grupos que se autodenominam anarquistas. Importante a matéria de capa da Carta Capital desta semana.

A convicção continua quanto a quem servem as violências e depredações, e quanto à motivação de muitos dos que as perpetram. Existem agentes provocadores, e a presença de policiais entre eles foi amplamente comprovada. 

Mas parece haver muitos, entre eles os tais black blocs, que acreditam que estão agindo politicamente para mudar as coisas, que se acreditam que as suas ações são anticapitalistas e contra o estado, estado este entendido como o conjunto dos componentes do status quo: governo, políticos, partidos, imprensa, mídia, academia. Isto não muda o fato de estarem objetivamente agindo de maneira a favorecer a direita, que não conversa, arma o golpe.

Eles não mudarão nada. Mas só se tornaram tão numerosos porque os canais de ação política tem se mostrado incapazes de conduzir a mudanças em profundidade e ritmo que sejam percebidos claramente. Temos o que André Singer chamou em seu livro Os Sentidos do Lulismo, um reformismo lento, que é lento pela resistência dos tradicionais donos do poder no Brasil, os econômicos e os políticos.

Esses jovens ignorantes e voluntaristas, que acham fácil golpear símbolos do estado e do capital atrás de máscaras não serão capazes de influir, a menos que avancem da postura niilista para uma visão de sociedade diferente da atual, pela qual valha a pena lutar, e para a qual valerá a pena os riscos de mostrar a cara e responsabilizar-se por propostas concretas, tanto em custo como em largo prazo. E no processo questionar o poder do capital e do estado, que é estruturado em função de servir esse mesmo capital.


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