terça-feira, 23 de julho de 2013

OS EUA E A POLÍTICA DAS ESCOLHAS BASEADAS EM ÓDIO

O ódio aos negros nos EUA surgiu depois da libertação dos escravos, ao fim da guerra civil daquele país. Antes, a crueldade era exercida de forma econômica e jurídica, pelos proprietários de escravo e pelo Estado.  Manifestou-se também na participação no conluio internacional para esmagar o Haiti, primeiro país das Américas a libertar-se e a libertar seu povo de escravos por uma revolução contra a potência colonial, a França.  Até a libertação, nos EUA como em todos os países escravocratas inclusive o Brasil até 1888, o exercício da propriedade sobre pessoas incluía em grande parte tortura e estupro de escravos e escravas. Eles não eram gente, mas ativos econômicos, “naturalmente” inferiores aos brancos.

O fim da escravidão significou uma supressão, mesmo que pontual, de direito de propriedade, o que foi muito frustrante para os senhores brancos, e para a maioria dos outros brancos, que perdiam uma forma de superioridade.  Na América Latina a prevalência  de agentes do rei e dos barões da terra sempre relativizou o direito de propriedade para as pessoas comuns, mesmo brancas proprietárias de escravos.  Lá, entretanto, propriedade era e é um bem tão ou mais sagrado do que a liberdade e outros dos chamados direitos fundamentais. Isto explica pelo menos em parte as humilhações, constrangimentos, supressão de direitos políticos que todos os negros – homens, mulheres, crianças tem sofrido até o presente. Recentemente, destacam-se o esbulho de eleitores negros das duas eleições de George W. Bush e a povoação preferencial por negros nas prisões estadunidenses. Esses tratamentos discriminatórios, claro,  também existiram  e existem no Brasil, embora de forma mais disfarçada e bem menos carregada de ódio do que lá.

O caso de Cuba, que era parte do “quintal” mais próximo deles, mas deixou de ser um local de desfrute do grande irmão do norte, é similar. Uma revolução retirou o capataz de plantão, o sargento Fulgencio Batista do poder no começo de 1959, com a expropriação de propriedades de seus apoiadores, o que incluiu cidadãos e empresas estadunidenses.  Seguiu-se uma política de atrito com os EUA, que logo passou para conflito aberto. Tudo poderia ter sido resolvido se os revolucionários tivessem cedido aos estadunidenses, ou pelo menos os cubanos se voltassem contra seu novo governo e o derrubassem, atendendo ao chamado dos antigos patrões.  Mas os cubanos não quiseram voltar à situação anterior. Daí o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos até hoje, que conseguiu restringir as opções dos cubanos, acabando por tornar essencial a centralização da economia, devido à extrema escassez  de bens na ilha, causada por esse mesmo bloqueio.  Esse bloqueio afeta a toda a população cubana.

Grupos anticastristas terroristas montados no território dos EUA atuam em Cuba por meio de atentados, com perdas humanas e materiais,  com apoio do governo estadunidense. Quando cinco agentes do governo de Cuba infiltraram-se nesses grupos nos EUA para tratar de frustrar esses atentados e foram presos, foram sentenciados a penas pesadíssimas. Atualmente os EEUU são o único país que insiste em tratar de excluir Cuba de organismos internacionais, e impõe sanções contra cidadãos e empresas estadunidenses e de outros países que ousem comerciar com Cuba. É ou não uma relação de ódio contra outro povo que se libertou deles?

Isto tem a ver com a sangrenta guerra secreta travada em várias partes do mundo por tropas especiais, mercenárias ou não, por novos jihadistas (com preferência aos não filiados à Al Qaeda), e por aeronaves de combate não tripuladas, contra reais ou potenciais inimigos do poder da “América”, que inclui bombardeios com pesadas baixas nas populações civis dos países alvos (represália contra parentes dos combatentes? Submissão de populações pelo terror?), e  que só não são objeto de escândalo mundial porque a mídia corporativa da maior parte dos países relega essas notícias em função das conveniências do império.  


Uma vez, em um trecho congestionado da rodovia Dutra perto de São Paulo, apareceu um homem de terno correndo entre os carros, pedindo para subir na camioneta em que eu estava, para fugir de uns jovens mal encarados que o perseguiam. Presumi que se tratava de um assalto, e pedi que o dono da camioneta permitisse que o homem subisse atrás, para escapar. Ele topou, e como o trânsito logo começou a fluir, os presumidos assaltantes foram deixados para trás. Impressionaram-me os semblantes carregados de ira e ódio dos perseguidores durante a perseguição, até o momento em que ela se frustrou. Lembrei-me desse episódio, ao considerar a fúria do império contra quem se põe no caminho de sua supremacia, que eles pretendem absoluta. Ninguém deve ousar nem mesmo tentar furtar-se a ela. Como tem sucedido com todos os impérios ao longo da história.

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