quinta-feira, 20 de junho de 2013

A DIREITA NAS RUAS COM BEPPE GRILLO


(Agradecendo o blog do Miro)

Alckmin recuou da truculência, e a revogação do aumento do preço das passagens de metrô e de ônibus por Alckmin e Haddad, uma importante vitória foi alcançada, produto de uma grande mobilização, que surpreendeu a todos. Um paradigma foi desafiado e muitos jovens perceberam que podem influir sobre a política. E agora?  

É tentador para alguns pensar que essa forma de fazer política é melhor do que as outras.  Já uma participante das manifestações de rua movimenta-se para empolgar todo o movimento e impor sua agenda própria, continuando as marchas pelas cidades. A direita, golpista como sempre.

Agora se trata de levar palavras de ordem no meio de uma massa despolitizada, falando contra os “políticos” (na realidade contra os políticos de centro ou centro-esquerda). Talvez não esteja nos cartazes de agora em diante, mas inclui o linchamento dos réus do chamado “mensalão”, o ataque contra as políticas que têm possibilitado a melhoria da condição econômica dos mais pobres, como a bolsa-família e a elevação do salário mínimo, e contra uma política externa brasileira que prioriza relações com a América do Sul, África, BRICS, e que não se alinha automaticamente com o grande irmão do norte.

No discurso, esses não inocentes de classe média são contra tudo, e atribuem todo o mal aos outros, visa políticas mais à esquerda, mas atira contra todos os que agem na política o que inclui todos os partidos. Seu discurso evoca o exemplo do cômico Beppe Grillo, muito popular na Itália, que falava contra todos os políticos e acabou tendo uma grande votação nas recentes eleições nacionais daquele país.  Quando se tratou de transformar essa grande votação, que elegeu uma parcela importante dos parlamentares do partido de Grillo, em ação responsável no mundo real, ele regateou, permaneceu de fora e acabou murchando como balão de ar quente em uma eleição regional meses depois. Voltou a ser um cômico, agora um tanto menos popular, enquanto os italianos agora vão percebendo que apenas perderam tempo.

No Brasil, essa pregação de uma oposição generalista e niilista está tratando de tomar para si as manifestações de rua que começaram com o aumento das passagens de ônibus e metrô e que a direita parece pretender prolongar indefinidamente, agora reclamando de “todo o resto”.  O problema é que grande parte dos jovens que participam dessas manifestações não sabem o que reivindicar fora o que lhes vem dos interesses imediatos de sua classe de origem, a partir de uma visão de negação que é fruto da inexistência de canais eficazes de participação política. Eles sabem que ninguém controla o poder das grandes corporações, dos bancos, e de inúmeros interesses privados com poder de lobby junto aos diversos governos, parlamentares e juízes. Essa impotência, facilitada pela falta de interesse dos grandes partidos em afrontar esses grupos, tende a inspirar comportamentos violentos, com a participação de provocadores e de desordeiros oportunistas, que a direita favorece porque é a deixa para que ela passe à violência política, através da ação policial, e de pequenos e grandes golpes de estado, para justificar a volta à paz, a sua (deles) paz.


O PT tem grande responsabilidade nessa situação, por ter na ação política relegado sua visão de transformação profunda da sociedade e desprezado suas ligações com os movimentos populares e sindicatos à condição de meros apoiadores passivos. A esquerda em geral também é responsável  por sua falta de criatividade e iniciativa em uma realidade que muda a olhos vistos. É necessário agir, viver é perigoso.

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