quinta-feira, 2 de maio de 2013

DOIS LIVROS

Várias décadas atrás, li o romance 1984, de George Orwell. Hoje, estou lendo Dirty Wars: The World is a Battlefield - (Guerras Sujas: O Mundo é um Campo de Batalha), de Jeremy Scahill. Ainda não cheguei à metade (o livro tem mais de seiscentas páginas, é em inglês e estou lendo em edição eletrônica). É um trabalho jornalístico profundo, coerente e abrangente sobre a guerra global "contra o terrorismo". Mas a mesma sensação de opressão que senti ao ler o primeiro livro veio à tona. Quando li 1984, na casa de meus pais, com quem eu morava, eu estava conhecendo a sinfonia número sete de Beethoven, com seu segundo movimento que tinha um quê de desamparo, de desalento, de lamento. Ficou. Essa música belíssima, que poderia ter tido outras associações para mim, mas foi por acaso ligada à narrativa ficcional mas realista das tiranias nazista e stalinista, voltou ao meu tocador cerebral. 

Está ficando claro que o governo e as corporações dos Estados Unidos estão totalmente comprometidos com uma guerra permanente, em que os alvos preferenciais são os outros países, principalmente os que têm recursos exploráveis por eles e que possam estar no caminho de sua supremacia. E que a democracia, que nunca foi por eles apoiada aqui no "quintal deles", como o atual secretário de estado estadunidense John Kerry chamou "carinhosamente" as Américas Central e do Sul, está sendo atacada em todos os países em que eles tem influência. 

Contam com a ajuda de agentes militares e paramilitares próprios e contratados, de elites corruptas por eles cooptadas, e de uma máquina de propaganda constituída pela mídia corporativa em quase todo o planeta, e agora também no próprio território nacional dos Estados Unidos da América. Lá também o meio ambiente e os recursos naturais antes protegidos estão tendo essa proteção relativizada e retirada, e os cidadãos tornam-se cada vez mais trabalhadores precários e consumidores descartáveis, embora um pouco menos do que na Europa da austeridade. 

Para uma prévia do livro , leia o artigo de Tom Engelhardt  para o Asia Times. Dê uma olhada no site do livro e do filme, aqui.


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