sábado, 16 de fevereiro de 2013

PETROBRAS E LULISMO

É interessante este artigo de um líder dos petroleiros, publicado no site Viomundo. Concordo com a maior parte das colocações de Eduardo Cancella. Mas creio ser necessário fazer algumas observações.

Lula, e seus mais próximos colaboradores, incluindo a presidente Dilma, não se declaram de esquerda. Lula inclusive declarou não ser de esquerda. Várias de suas políticas podem ser consideradas como de esquerda, mas subordinadas a posturas e limites que a esta altura devíamos conhecer bem.

Lula é antes de tudo um negociador que não pretende desafiar a correlação de forças entre as classes sociais, ou a postura dos poderosos, a não ser na margem. Nisto seus governos fizeram grandes progressos, em redistribuição de riqueza, maior soberania nas relações internacionais e ausência de políticas ativas contra os direitos dos trabalhadores.

O governo federal do PT (não só a presidente da Petrobras) não lançou novas iniciativas de privatização, mas procura apaziguar o "Mercado" dando blocos de serviços públicos para a exploração (e acumulação) de empresários privados. Tem usado os bancos federais para limitar a usura dos bancos privados. tem exercido controle sobre os preços dos combustíveis através da Petrobras, tomou a inciativa de baixar as tarifas de geração de energia elétrica usando principalmente seu controle sobre as empresas da Eletrobras. Mas está muito aquém do que seria necessário.

Não tem tentado reformar a administração pública. Nisto, cai na lenga-lenga dos privatistas, que alegam que   tudo que é estatal é ineficiente. As estatais podem não ser tão eficientes do ponto de vista da taxa de lucro, mas por ser subordinadas a um poder eleito, podem ser mais eficientes do vista da sociedade. E podem aumentar a sua eficiência, muito:

Eliminando o empreguismo. Partidos políticos não devem ter quotas, nem ter permissão para negociar cargos.

Assegurando a transparência das administrações diretas e das empresas públicas, e controle pela sociedade através de órgãos apartidários e  independentes. Independentes dos partidos e dos interesses privados.

Falta nesses governos uma visão estratégica que se sobreponha às baboseiras de livre mercado.

Entendo que a FUP e o Sindipetro RJ não queiram antagonizar o governo, que afinal tem feito coisas boas, e tem sido bem melhor que os tucanos, ao concentrar suas baterias na presidente da Petrobras. Mas eu não tenho essa limitação. Aqui, a crítica é dirigida ao governo, do qual Maria das Graças Foster é parte integrante e integrada.


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