quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

AS ROUPAS NOVAS DO IMPÉRIO E A OPINIÃO PUBLICADA


Porque o governo dos Estados Unidos se ocupa tanto em  opor-se a toda legislação que no Brasil faça alguma reserva de mercado para a produção cultural nacional? Porque iniciativas como a reativação da sexta frota estadunidense, o estabelecimento de nova base aérea na Colômbia, as pressões contra o programa espacial brasileiro, não são noticiadas pela mídia e grande imprensa do Brasil? Porque a perseguição contra a Wikileaks é tratada sempre como se fosse um caso judicial?
O Império acredita necessitar de controle total. Não consegue, mas usa suas armas para assegurar que esse controle seja o mais amplo possível. Às vezes, até um fiel órgão da imprensa como O Estado de São Paulo se sente obrigado a mostrar que o cônsul estadunidense de São Paulo durante a ditadura era frequente visitador do DOPS, junto com vários empresários ligados à FIESP, durante o período de torturas e suplícios contra presos políticos, como aconteceu há alguns dias.
Internamente lá nos EUA, o estadunidense médio possivelmente acredita no destino manifesto, que dá aos cidadãos daquele país o direito de acesso aos recursos e mercados de outros países, que será reforçado por subornos, pregação ideológica e ações militares, o que der certo.  E de manter uma rede de bases militares no planeta todo, para assegurar que o recado seja entendido, e a punição para os recalcitrantes seja mais rápida.
Para efeitos externos, para além da doutrina de Bill Clinton que avocou publicamente esses direitos para seu país, na total extensão de sua arrogância, a diplomacia e porta-vozes estadunidenses ainda fazem um esforço para legitimar as ações que se relacionam com essa visão. Ainda recorrem esporadicamente ao Conselho de Segurança da ONU, tratam de recrutar aliados para suas ações militares entre outros países, alegam violações de direitos humanos ou internacionais (falsas ou verdadeiras) dos países que eles querem submeter ou punir.
Este império é talvez menos violento do que outros do passado. Não colocam filas de crucificados nas estradas para desencorajar eventuais encrenqueiros, não esquartejam os corpos dos condenados.  Para seus cidadãos comuns, as baixas de guerra têm sido menores: uso de “empresas de segurança”, na realidade exércitos de mercenários em vez de conscritos, aeronaves não tripuladas para bombardear sem riscos para quem as pilota aldeias que abrigam rebeldes do império, com “apenas” alguns milhares de vítimas “colaterais”.
E usam a “soft power”, que inclui os grandes jornais em todo o mundo, a quase monopolística mídia brasileira para difundir sua ideologia e editorar os noticiários no sentido de censurar o que é adverso, dar o maior destaque possível para o que favorece o poder imperial. As grandes corporações, que de fato dirigem os governos em quase todos os países, ao sobrepujar burocracias e os mecanismos da democracia, passam a serem instrumentos de poder do império. Como sucedeu na onda de privatizações feitas na América Latina principalmente na década de 90, mas suas crenças, de caráter quase religioso continuam a pautar opiniões e edição dos noticiários da mídia, ignorando sistematicamente os seus efeitos negativos na economia real. Cá como lá, embora lá as vozes discordantes tenham maior espaço para circular. Aqui, só a mídia alternativa que atua na internet, os blogs “sujos”  de acordo com o José Serra.

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