quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

RPA12 parte 5

PANO DE FUNDO DA “REVOLUÇÃO” NEOLIBERAL

As insuficiências da ação do Estado e o controle da maior parte dos órgãos de imprensa ajudaram os ideólogos neoliberais a empurrarem a agenda pela privatização de funções e empresas. Isto ocorreu junto com a “flexibilização” das leis trabalhistas e o rebaixamento dos salários industriais através da exportação de empregos para países de mão de obra mais barata. Sindicatos e forças políticas ligadas a eles – socialistas e comunistas – sentiram o golpe.

Estas mudanças não se fizeram em um vácuo político. Em todo o mundo, antes, sindicatos e grupos políticos de esquerda conseguiram muitos progressos de cunho democrático: sufrágio universal, saúde pública, educação pública, previdência social, aumento dos rendimentos de salários, redução de desigualdade. Muitas dessas modificações foram efetuadas por governos conservadores, mas sob a pressão das massas e dos partidos, e a partir de 1917, da existência de governos comunistas.

Os comunistas representaram uma ameaça em parte acenando (e implantando em alguns importantes países) para a “ditadura do proletariado”. Essa ameaça, e o exemplo, ao lado das crises do capitalismo, em particular a grande depressão da década dos anos 1930, foram fatores decisivos para a ascensão de grupos socialistas, progressistas e fascistas, todos de uma forma ou outra determinando um grande fortalecimento do Estado à custa da livre movimentação do Capital. Nos países mais avançados, nenhuma revolução comunista tomou o poder. Porém, antes e depois da revolução russa, o estado do bem estar social foi estabelecido, em países da Europa e nos EUA, e a depressão de 1929 levou ao fortalecimento do papel do Estado não só na regulação do capitalismo, mas no fortalecimento da rede de proteção social e na expansão da infra-instrutora dos países mais ricos. Nessa época, e até a segunda metade do século vinte, os sindicatos eram fortes. Quando os Estados Unidos ganharam a guerra fria, o impulso neoliberal já estava em pleno desenvolvimento.

A existência da União Soviética permitiu não só certo equilíbrio, como forçou as ações do império a serem limitadas por ao menos uma aparência de justiça. Mas os países comunistas, ao cercearem diversas formas de liberdade, ao mostrarem-se incapazes de elevar o padrão de qualidade de vida a níveis satisfatórios, acabaram se imolando de duas formas. Limitaram o apoio externo e o papel de modelo para os trabalhadores dos países industrializados, que não quiseram trocar um ambiente repressivo por outro. E internamente, a repressão política e cultural limitou as potencialidades de verdadeiro desenvolvimento de uma nova cultura e de uma nova sociedade, limitando em grande parte o embate entre os dois sistemas a um confronto entre poderes militares.

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