quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

RPA12 parte 4

CENTRO-ESQUERDA

A tensão entre o uso de instrumentos de estado para mudar a realidade econômica e social e a liberalização da sociedade continua a funcionar em geral no sentido da liberalização. Partidos e centros de produção de ideologias (como universidades e institutos de pesquisas acadêmicas) também têm acompanhado essa tendência. 

A razão disso está nos sucessos do capitalismo a partir da segunda metade do século 20. Esses sucessos provêm de vários fatores, que contribuíram para enfraquecer as propostas da esquerda (além das próprias deficiências desta). Essas propostas mudaram ao longo dos séculos dezenove e vinte, principalmente neste último. Ao eclodir a primeira grande guerra, em 1914, já havia uma divisão na esquerda, entre socialistas reformistas, anarquistas e comunistas.

Vários movimentos socialistas fizeram o percurso do radicalismo ao reformismo, como tem acontecido mais recentemente com os ambientalistas. Nas suas lutas para conquistar o controle de um pouco mais do excedente (mais valia) ou dos aparelhos de estado, ou mesmo priorizar o bem estar em detrimento do patriotismo beligerante, sempre compareceu alguma dose de pragmatismo. Aceitar melhorias salariais e de condições de trabalho em vez de tentar tomar o Estado ou tentar mudar a correlação de forças que controlam esse Estado.

Muitas empresas estatais foram criadas durante o século XX. Elas em geral mostraram ineficiências do ponto de vista empresarial devido a nem sempre contarem com os melhores administradores, a sofrerem de empreguismo e de interferências indevidas de políticos, mas certamente foram eficazes em atender a demandas sociais reais, que o setor privado não supria, ou supria de forma insuficiente.

A China não abriu mão dos serviços públicos. As estatais devem e podem ser mais visíveis (transparentes). O recrutamento de quadros para empresas estatais e para a administração pública (administradores, técnicos, professores e profissionais da saúde) deveria incluir salários razoáveis, mesmo que inferiores aos pagos pelas empresas públicas. O Estado chamado democrático também desde seu início mostrou graves insuficiências mesmo considerando suas propostas mínimas:

O Estado depende, para exercer suas funções, de um corpo de servidores públicos e de dirigentes de carreira ou eleitos, que em regiões e nações de grande desigualdade de renda e de instrução, quando existem, normalmente estão longe da qualificação necessária. Em outros termos, faltam quadros para os cargos de responsabilidade de estatais e da administração direta.  Neste caso, um passo lógico compreende a transferência de atividades ou serviços de caráter público para indivíduos e entidades com os quais o Estado faz algum tipo de contrato. Esta transferência se faz necessariamente a um custo adicional, para o qual o Estado tem a obrigação de criar mecanismos eficazes de controle. Difícil.

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