quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ALGUMAS REFLEXÕES POLÍTICAS parte 1

A partir de hoje, vou colocar uma série de reflexões sobre poder e economia no mundo de hoje, que sumarizei entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. Para quem vem acompanhando não só o noticiário da grande mídia impressa, falada e televisada, mas o que se publica em órgãos menos poderosos, revistas como Carta Capital, Caros Amigos, e jornais e blogs independentes da internet, essas reflexões não serão novidade, mas vale sempre a pena ver idéias em novas arrumações, com ênfases diferentes. O título geral é uma sigla: RPA12. Quem adivinhar o que é terá o reconhecimento público deste blog. E começamos com os primeiros pequenos textos.

IRRACIONALISMO
O Iluminismo e a noção de Progresso, como visões em que a racionalidade cresce com o conhecimento e a crítica social, que surgiram e permaneceram em voga a partir do século 18 até a segunda metade do século 20 são categorias que provaram ser inúteis, e verdadeiramente nocivas para os que buscam uma libertação dos povos do domínio da pobreza e de elites corruptas. Napoleão, os impérios britânico e americano, o terceiro reich, o stalinismo, estão aí para desmentir o iluminismo. Atualmente vemos crescerem fundamentalismos diversos, como os islâmicos, a direita religiosa americana, os neonazismos, os céticos da mudança de clima, os fundamentalistas do mercado, opondo-se à objetividade científica e à subjetividade livre dos cidadãos. A principal razão desse declínio da racionalidade no terreno das ideias deve ser a falta de racionalidade na vida das pessoas. O ambiente de recessão – com o desemprego e empobrecimento - desencadeado na crise financeira de 2008 levou à denúncia vinda de parte do espectro político da esquerda, das formas atuais do capitalismo. Esses setores da esquerda tiveram sua influência muito diminuída desde que a ofensiva do neoliberalismo e a derrocada da União Soviética determinaram o predomínio cultural avassalador de um “establishment” político e midiático a serviço do capitalismo. Esse establishment inclui os partidos de centro-esquerda eventualmente no poder.  

POLÍTICA DA ECONOMIA
No Brasil, o declínio e fim da ditadura militar foram marcados por iniciativas que, como mostra o texto da Constituição de 1988, visavam não somente restaurar a democracia, mas aprofundá-la, no sentido contrário ao dos programas neoliberais. A eleição de Fernando Collor de Mello, seguida da de Fernando Henrique Cardoso representaram, junto a um interregno mais cauteloso de Itamar Franco, o triunfo (e a prática) do neoliberalismo no Brasil. Se não fosse pela eleição de Luis Inácio Lula da Silva em 2002, as políticas neoliberais teriam se intensificado. Entretanto, Lula e Dilma não reverteram o domínio de grupos econômicos privados sobre a política. As eleições são na realidade operações privadas, e elas constituem uma forma básica da corrupção no Brasil. A maior parte dos políticos eleitos recebe dinheiro de grandes empresas, fora os que recebem de um governo estrangeiro, e esse dinheiro é uma contrapartida de vantagens conseguidas pelos poderes dos políticos no poder ou a serem devolvidas, com grandes acréscimos, após as eleições. Esse é o caso para a maior parte dos políticos das bases de apoio dos últimos governos, federais, estaduais e locais. O que inclui o atual governo federal. Uma das formas de corrupção mais recentes foram os processos de privatização de grandes empresas e de serviços públicos que ocorreram na América Latina, União Européia e Rússia. O Brasil foi um dos países que transferiram maiores valores de ativos públicos a grupos privados.

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