quarta-feira, 9 de novembro de 2011

SOBRE A ENCRENCA NA USP

Estamos, na USP, novamente em clima de confronto. Um incidente menor, de prisão de três estudantes com maconha desencadeou episódios com muito mais antagonismos. No momento, parece (ao menos pelo que se vê na mídia oficial e na mídia de esquerda) que há duas posições inconciliáveis, em que os campos opostos se acusam mutuamente. Como em uma guerra ou num conflito sectário, duas verdades, boas para as partes ,as não para um todo, como a universidade em qeustão, alimentam a disputa. O reitor, nomeado pelo ex candidato à presidência José Serra (que ignorou a preferência da comunidade acadêmica na lista tríplice) no fim de 2009, tinha um passado polêmico como diretor da faculdade de direito da USP, que incluiu uma tendência ao confronto contra protestos estudantis, usando a tropa de choque da polícia militar, e foi considerado pela congregação daquela faculdade, por unanimidade, persona non grata, em 2010. Era de se esperar que ele reagisse como reagiu, usando a lei ao seu estilo. Os estudantes que se insurgiram contra a prisão dos colegas consideraram que se tratava de algo maior. Da presença da polícia militar no campus e da necessidade de enfrentar um reitor de direita e agressivo. E parte deles partiu para a ocupação da reitoria. Ora, quem lembrou das ocupações anteriores, do grau de vandalismo e da violência usados não para afrontar algo maior, mas para conduzir uma luta local, não gostou. Eu não gostei.Eu fui contra a ditadura, fiz coisas ilegais (que hoje seriam legais), mas sempre me voltei contra a violência inútil, a destruição inútil. Os movimentos de indignados e de Occupy Wall Street sao não-violentos. Entende-se que pessoas em situação de privação, desemprego, falta de perspectivas, recorram à violência. A violência pode gerar violência contrária e fazer perder uma das conquistas do fim da ditadura, o de se recorrer antes de tudo à palavra, ainda que ela não nos traga resultados imediatos. Por trás da encrenca, há questões substanciais.